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Ivo Rosa terá ordenado “apagão” num caso de burla de advogado

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Manuel de Almeida / Lusa

O juiz Ivo Rosa

O juiz Ivo Rosa terá mandado apagar dados relativos a um processo sobre o advogado João Álvaro Dias, que morreu em circunstâncias duvidosas.

Ivo Rosa, o juiz que está à frente da Operação Marquês desde o final do ano passado, ordenou que se apagassem dados de uma acusação sobre João Álvaro Dias, um advogado que morreu em condições duvidosas um mês depois de ter sido condenado a cinco anos e meio de prisão pelos crimes de burla e falsificação. A morte do advogado originou a abertura de dois inquéritos, que foram entretanto arquivados.

De acordo com o Sexta às 9, da RTP, o procurador Rosário Teixeira foi um dos três procuradores a assinar uma acusação que investigava um esquema de fraude e burla alegadamente liderado por João Álvaro Dias. O inquérito deste processo foi acompanhado pelo juiz Carlos Alexandre.

Neste primeiro processo, foi investigado um esquema, com data de início em 2004, que começava com a criação de um sistema de financiamento a crédito através do qual uma empresa obtinha mercadorias que rentabilizava com a sua venda sem nunca chegar a liquidar o valor do crédito inicial.

Depois de vender a totalidade das mercadorias (de carros a café, por exemplo), as empresas declaravam falência e as dívidas tornavam-se automaticamente impagáveis. Desta forma, o dinheiro obtido com as vendas das mercadorias era lucro total.

Este plano levou à condenação de doze arguidos em 2010 e o alegado cérebro do esquema, o advogado João Álvaro Dias, nem sequer chegou a ir a julgamento.

Depois de apresentada a acusação, Ivo Rosa  ilibou 11 dos 57 arguidos, um deles o advogado. Depois de o ilibar, terá ordenado que os dados que lhe diziam respeito fossem apagados da acusação, refere o Observador.

Ouvidos pelo Sexta às 9, os penalistas Ricardo Sá Fernandes e Paulo Saragoça Mata afirmam que esta é uma prática pouco comum e até “ilegal, à margem da lei“. Segundo a investigação da RTP, esta é, contudo, uma prática comum “em algumas das últimas 20 decisões instrutórias do juiz Ivo Rosa”, onde houve ordens semelhantes a este “apagão”.

Contactado pela RTP, o juiz Ivo Rosa afirmou que o TCIC “nunca rasurou ou mandou rasurar acusações mas sim proferiu, quando foi caso disso, decisões de não pronúncia e consequente arquivamento, total ou parcial, dos autos”.

Apesar de ter sido sujeito a 26 processos-crime, João Álvaro Dias nunca foi preso.

Morte duvidosa

A morte, em circunstâncias misteriosas, aconteceu no dia de Natal de 2016, apenas um mês depois de ter sido condenado a uma pena efetiva de cinco anos e seis meses de prisão. João Álvaro Dias estava numa quinta em Benavente onde só estavam a mulher, a filha, o sogro e o empregado brasileiro que, afinal, tinha a propriedade em seu nome.

De acordo com a RTP, as versões do acidente, que acabou por ser fatal para o advogado, dadas pelas testemunhas, são contraditórias e a manobra descrita é mecanicamente impossível.

Álvaro Dias terá morrido a tentar travar o carro, um Rolls Royce, que depois de ter estacionado terá começado subitamente a deslizar numa rampa, apesar de estar engatado em marcha atrás – nesta posição, o advogado nunca poderia ter conseguido sair do carro.

No entanto, o advogado terá falecido numa tentativa de impedir que o automóvel continuasse a deslizar, tendo sido albarroado, acabando mesmo por morrer.

O corpo foi cremado apenas em 48 horas e o funeral foi fechado exclusivamente para amigos e familiares próximos. A morte já foi alvo de dois inquéritos, mas nenhum conseguiu ir mais além do que o arquivamento.

ZAP //

21 Comments

  1. E por vezes, ao ver alguns filmes de conspiração e pessoas que morrem e matam por burlas e dinheiro, ainda penso que só pode acontecer nos filmes.
    Pois nesses filmes, um argumento destes teria o juiz envolvido, ou pelo menos a receber uma parte (ou ordem da sua Loja).
    Só me admira ainda nenhum administrador do BES e outros ter “azar” igual.

  2. Um pobre é imediatamente condenado por roubar uma galinha para comer enquanto estes cabrões roubam milhões e ainda gozam com a justiça.

    • Uma galinha?
      Não estará a exagerar?
      Até um pão ou uma peça de fruta para matar a fome dá direito a prisão efectiva.
      É que matar a fome é crime, “crime de morte”…

      • “Até um pão ou uma peça de fruta para matar a fome dá direito a prisão efectiva.”
        Por falar em exagerar, não queres dar um exemplo de um caso destes?
        Basta um…

  3. É o Único, o mais pequenote da Justiça Portuguesa e julga-se a si próprio.
    Em Portugal e na Justiça tudo é possível …
    Sr. Dr. Juiz IVO ROSA, fixem o Nome… para mais tarde Recordar.

  4. Não querendo ser mauzinho, parece tudo farinha do mesmo saco, criminoso e sistema judicial.
    Parece mesmo que o crime compensa, e muito…

  5. Como é que “oferecem” a um tipo destes o processo de corrupção de Sócrates ?! Não terá sido encomendado ? Estamos para ver os próximos capítulos.

  6. Bandalho!.. Monte de nojo!.. Pau mandado dos facínoras deste país… Mercenário do “polvo” que controla o a nação. Foi sorteio, foi… Ai Carlos Alexandre, o povo sangra pelo teu regresso.

  7. Nem vou comentar este batráquio ao serviço deste sapal… cheio de sapões. Realmente se não existisse inferno era uma injustiça divina…

  8. Tal como em outras coisas em portugal, também a justiça quanto pior for, melhor. As leis são feitas por políticos. Estes tudo fazem para com elas se protegerem e depois nomeiam como querem os juízes que lhes convenha. Os sorteios são treta.

  9. Tudo isto já se esperava, e cada vez vai ser pior, o juiz decide como quer e quando julga. Pois os julgamentos deveria ter mão de jurados, já não acredito na justiça portuguêsa. Fizeram o mesmo com o sr. Juiz teixeira que foi corrido para torres vedras por causa do processo da casa pia…
    E se nada for feito iremos cair no abismo….
    Viva portugal e que volte a justiça em portugal

  10. E o caso que envolve Sócrates e outros seus amigos vai terminar certamente em águas de bacalhau, é só aguardarmos mais algum tempo!.

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