Através dos cumes das montanhas dos Pirenéus, podemos avistar ursos pardos ou lírios amarelos. Mas esta cordilheira abriga algo mais, que nem sempre é visível ao olho humano: microplásticos.
Um estudo publicado a 15 de abril na Nature Geoscience revela que o vento é responsável por “soprar” pequenas partículas de plástico, conhecidas como microplásticos, despejando-as em montanhas longe de assentamentos humanos – como as montanhas dos Pirenéus.
Este é um dos primeiros estudos a mostrar como estas partículas se movem a longas distâncias pelo ar, naquela que será, muito provavelmente, uma área crescente de pesquisa.
A equipa, que reúne cientistas de França e do Reino Unido, passou cinco meses a analisar o ar em busca de partículas de plástico que se dirigiam para a conhecida paisagem. Para isso, os especialistas recolheram amostras de chuva, neve e partículas secas que viajam através do vento.
De acordo com a investigação, os cientistas descobriram que cerca de 4.000 partículas de plástico por metro quadrado pousam diariamente nestas montanhas.
Apesar de não terem certezas, os cientistas desconfiam de que estes microplásticos são provenientes de algumas cidades mais pequenas, a menos de 100 quilómetros dos Pirenéus. Os dados não provam que os plásticos viajam para distâncias mais longas do que esta – pelo menos, ainda.
Contudo, os ventos atmosféricos são capazes de se mover ao redor da poeira do deserto do Sahara a milhares de quilómetros de distância, pelo que poderão ser capazes de fazer o mesmo com as partículas minúsculas de plástico.
A Gizmodo adianta que a maioria das partículas encontradas pelos cientistas são muito pequenas, do tamanho do pólen, sendo que os cientistas só conseguiram identificar os microplásticos porque contaram com a ajuda de microscópios na sua análise. Além disso, para evitar a contaminação de amostras com plásticos de roupas sintéticas, os especialistas tiveram de usar roupa de algodão.
O estudo nada mais é do que um lembrete de como o plástico é invasivo. A única maneira de acabar com esta espécie de “praga” é reduzindo a fonte – e a fonte somos nós.