Na noite de terça-feira, na zona leste da capital italiana, centenas de pessoas reuniram-se em protesto contra a chegada de famílias ciganas a um centro de acolhimento em Roma.
Garantindo que havia um “clima muito pesado de ódio”, a presidente da Câmara de Roma, Virginia Raggi afirmou ter intervido no protesto, alegadamente organizado por dois grupos de extrema-direita, para “impedir que a situação degenerasse”. “Intervim para proteger os muitos cidadãos honestos daquela área e as 33 crianças”, disse. As famílias foram entretanto alojadas noutro lugar.
Um vídeo publicado pelo jornal La Reppublica mostra os manifestantes a erguerem barricadas para bloquear a entrada no centro a um grupo de 70 ciganos – mais de 30 menores – que ia ser transferido temporariamente para o centro. “Eles têm de morrer à fome”, ouve-se.
As imagens mostram ainda pessoas a pisar comida que se destinava às famílias ciganas. “Vão-se embora, ou saem ou nós matamos-vos“, disse um manifestante, segundo o jornal La Stampa.
O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, condenou a violência mas reforçou a sua promessa de acabar com os acampamentos de ciganos em Itália. “O objetivo para que estou a trabalhar há meses é não ter nenhum acampamento até ao fim do meu mandato como ministro”, disse à agência de notícias Ansa.
Quando chegou ao poder, em junho de 2018, Salvini sugeriu um recenseamento de ciganos para facilitar a expulsão de estrangeiros em situação irregular. “Os ciganos italianos têm, infelizmente, de ser mantidos em casa”, disse, na altura.
A comunidade cigana de Itália vive na pobreza. Há pelo menos 130 mil, muitos a viver em campos sem licença nos arredores da cidade. Muitos ciganos reclamam que a discriminação dificulta a procura de emprego.
ZAP // BBC