Um grupo de investigadores norte-americanos descobriu que o bloqueio de uma determinada enzima pode prolongar a vida útil dos vermes em mais 50%. Segundo os cientistas responsáveis pelo estudo, este pode ser um dos passos para retardar o envelhecimento e aumentar a longevidade humana.
Dada a chance, há muito poucos que não querem retardar o processo de envelhecimento. Perseguir essa fonte da juventude é um ramo importante da ciência médica atual e um pequeno verme resistente conhecido como C. elegans é, provavelmente, o assunto mais prolífico nessa área, indica um artigo do New Atlas, divulgado esta quarta-feira.
Agora, uma equipa da Scripps Research, dos Estados Unidos (EUA) descobriu que o C. elegans tem um genoma semelhante ao dos seres humanos e apresenta sinais claros de envelhecimento durante o seu curto período de vida de duas ou três semanas, tornando-se um modelo quase perfeito para estudos sobre o envelhecimento.
No passado, esses pequenos vermes foram usados para investigar como a conexão entre o cérebro e o intestino forma uma espécie de “eixo do envelhecimento” – a genética por trás da não-evolução da imortalidade – e observar como certos coquetéis de drogas afetam o processo de envelhecimento.
Neste novo estudo, publicado na Nature Chemical Biology na sexta-feira, a equipa examinou uma longa lista de enzimas, procurando por aquelas que pudessem desempenhar um papel no envelhecimento. Ao inserir essas enzimas em vermes, verificaram o efeito na vida dos animais, o que pode revelar novos alvos para futuras pesquisas anti-envelhecimento.
Para tal, a equipa realizou uma série de cerca de 100 compostos de moléculas pequenas, que bloquearam enzimas denominadas hidrolases de serina.
“Processos metabólicos são muito importantes para determinar a taxa de envelhecimento e expetativa de vida e as hidrolases de serina são as principais enzimas metabólicas, por isso pensamos que haveria uma boa hipótese de encontrar uma importante enzima relacionada ao envelhecimento desta forma”, disse Alice Chen, a primeira autor do estudo.
Os compostos foram testados em vermes com um dia de vida, tendo sido medida, de seguida, a sua expetativa de vida. Vários desses compostos levaram a um prolongamento da longevidade dos vermes em mais de 15%.
Mas um em particular se destacou: um composto de carbamato designado JZL184 aumentou a expetativa de vida média dos vermes em 45%. Com 30 dias de idade, mais da metade desses vermes ainda estavam vivos e saudáveis, enquanto quase todos os vermes do grupo de controle haviam morrido.
De acordo com a equipa, agora sabe-se onde concentrar o trabalho futuro em vermes, o que pode revelar novas possibilidades anti-envelhecimento em humanos.