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Braço-direito de Lagarde diz que a Europa tem de aprender com Portugal

imfphoto / Flickr

Diretor-adjunto do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton

A Europa deve tomar Portugal como exemplo. O consenso político é importante e o país provou-o, mas Portugal tem ainda um caminho longo pela frente.

No meio de uma crise, Portugal conseguiu enfrentar as suas maiores dificuldades. Quer o elogio, quer o aviso, vêm de uma só voz: a do primeiro adjunto de Christine Lagarde na direção do Fundo Monetário Internacional, David Lipton.

“Não é uma meta de pequena dimensão. Num período de elevada incerteza e risco, este país mostrou que existe um caminho a seguir ao ultrapassar as diferenças para responder a desafios comuns”, afirmou Lipton no seu discurso conferência Portugal: Reform and Growth Within the Euro Area, organizada pelo FMI e pelo Banco de Portugal, que se realizou esta segunda-feira, em Lisboa.

Os resultados positivos atingidos por Portugal nos últimos anos mostram “a importância da coesão política na resposta às dificuldades económicas”. Para o número dois de Lagarde, “esta é uma lição para o resto da Europa – na verdade, para o mundo. No domínio da política económica, o conflito e as ações unilaterais apenas aumentam as vulnerabilidades”.

A importância de olhar para o compromisso entre os agentes políticos é necessária à luz da desfragmentação que se tem sentido em torno das soluções multilaterais que se foram encontrando desde a II Guerra Mundial.

Numa próxima crise, por exemplo, não haverá disponibilidade para utilizar os instrumentos que foram usados na crise financeira global, desde logo pela “resistência política” a novos resgates. Além disso, destaca o Expresso, há incertezas generalizadas que obrigam a que cada país ponha a sua casa em ordem para enfrentar um potencial abrandamento – Itália é um desses países que ainda não se recompôs para corrigir as suas vulnerabilidades.

Ainda assim, Lipton frise que, embora haja progressos nesse sentido, eles não foram totais, uma vez que ainda não há uma partilha efetiva de riscos, até porque a união bancária, por exemplo, ainda não está completa, faltando a constituição do fundo único de garantia de depósitos.

No caso de Portugal, o responsável frisa que a prioridade é aumentar a produtividade do país e, para isso, é preciso uma “nova vitalidade” no mercado laborar. “O desemprego baixou de forma expressiva, com uma elevada proporção de novos empregos permanentes. Mas demasiados desses novos empregos pagam o salário mínimo.”,

Além disso, acrescenta, é preciso baixar o nível de crédito malparado na banca por há recursos e capital das instituições financeiras que não podem ser alocados a “necessidades da economia do século XX” porque têm de ser gastos com estes empréstimos problemáticos e não produtivos.

Para Lipton, a economia nacional necessita de reforma e de uma reestruturação no lado empresarial: há inteligência artificial, robótica e comércio eletrónico para abraçar.

ZAP //

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