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Descobertas “chaminés” galácticas que canalizam matéria do centro da Via Láctea

Z. Levay and R. van der Marel, STScI; T. Hallas; and A. Mellinger / NASA, ESA

A sonda XMM-Newton encontrou duas estruturas parecidas com “chaminés” gigantes que canalizam matéria de perto de um buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea para duas enormes bolhas cósmicas.

O centro da nossa galáxia é um autêntico frenesim. Um buraco negro gigantesco – com quatro milhões de vezes mais massivo do que o Sol – explode energia ao chocar com os detritos interestelares, enquanto as estrelas vizinhas ganham vida, explodindo subsequentemente.

Agora, uma equipa internacional de astrónomos descobriu dois canais de exaustão – apelidados de “chaminés do centro galáctico” – que parecem afunilar a matéria e a energia dos fogos de artifício cósmicos no centro da Via Láctea, a cerca de 28.000 anos-luz da Terra. O artigo científico foi recentemente publicado na Nature.

“A nossa hipótese é a de que estas chaminés são aberturas de exaustão para toda a energia libertada no centro da Via Láctea“, explicou Mark Morris, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

Todas as galáxias são gigantescas fábricas de formação de estrelas, mas a sua produtividade pode variar. Segundo o Science Daily, um mecanismo que afoga a taxa de produção de estrelas é a fonte de matéria e energia que é lançada pelo pesado buraco negro que se esconde no centro de uma galáxia.

É a formação de estrelas que define o carácter de uma galáxia “e essa é uma característica com a qual nos preocupamos, uma vez que as estrelas produzem elementos pesados dos quais os planetas, e a vida, são feitos”.

Para entender melhor o que acontece com o fluxo de energia, Morris e a sua equipa apontaram o satélite XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), que deteta os raios X cósmicos, em direção ao centro da Via Láctea.

Os raios X são emitidos por gás extremamente quente. Por esse motivo, são especialmente úteis para mapear ambientes energéticos no espaço.

Nas imagens recolhidos de 2016 a 2018 e em 2012, os cientistas descobriram duas plumas de raios Xas chaminés do centro galáctico – que se estendem em direções opostas a partir do centro da galáxia. Cada pluma origina-se a cerca de 160 anos-luz do buraco negro supermassivo e estende-se por 500 anos-luz.

As chaminés ligam-se a duas estruturas gigantescas, conhecidas como bolhas de Fermi – cavidades esculpidas no gás que envolve a galáxia. As bolhas, cheias de partículas de alta velocidade, ocupam o centro da galáxia e estendem-se por 25.000 anos-luz em qualquer direção.

Alguns astrónomos suspeitam de que as bolhas de Fermi são relíquias de erupções maciças do buraco negro supermassivo, enquanto outros acham que as bolhas são destruídas por hordas de estrelas recém-nascidas. De qualquer forma, as chaminés poderiam ser os canais pelos quais as partículas de alta velocidade chegam lá.

Compreender como a energia faz o seu caminho do centro de uma galáxia para os seus limites externos poderia fornecer luzes sobre o motivo pelo qual algumas galáxias explodem com a formação de estrelas, enquanto outras permanecem inativas.

“Em casos extremos, a fonte de energia pode desencadear ou bloquear a formação de estrelas na galáxia”, afirmou Morris.

Sendo a Via Láctea um protótipo de galáxias espirais, a descoberta pode ajudar a esclarecer o comportamento típico de galáxias como a nossa. “A quantidade de energia que sai do centro da nossa galáxia é limitada, mas é um bom exemplo de um centro galáctico que podemos observar e tentar entender”, concluiu o investigador.

ZAP //

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