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A geringonça ficou “muito aquém” e Costa “cedeu à direita e aos lóbis”

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GUE/NGL / Flickr

A eurodeputada Marisa Matias, do Bloco de Esquerda (BE)

Nas “vésperas” das eleições europeias, Marisa Matias faz, em entrevista ao jornal Eco, um balanço sobre a gerigonça. Para a eurodeputada do Bloco de Esquerda, o arranjo político foi “fundamental” para começar a eliminar a austeridade, mas ficou “muito aquém” das expectativas.

Na mesma entrevista, esta segunda-feira publicada pelo diário de economia, a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias, que se realizam a 26 de maio, considera ainda que o executivo de António Costa “cedeu à direita e aos lóbis”.

“Foi totalmente insuficiente e incapaz de responder àquilo que estava fora do acordo. Ou seja, a geringonça só funcionou em relação ao que estava no acordo parlamentar. Nos domínios que ficaram fora do acordo parlamentar, infelizmente, foi uma reprodução do que já conhecíamos: desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, na escola pública, e esses domínios são fundamentais para a democracia e não se tocou aí”, aponta.

Contudo, e segundo Marisa Matias, também no campo das matérias que constavam no acordo parlamentar, o PS poderia ter ido mais longe. “Mesmo as [matérias] que constavam no acordo parlamentar podiam ter ido mais longe. Mas então em relação às que não constavam, o PS não deu sinal nenhum”, começa por dizer.

“Continuar a insistir num favor permanente aos privados em vez de apostar numa nova lei de bases do Serviço Nacional de Saúde, inspirado no legado de António Arnaut ou de João Semedo e não nas pressões do setor privado, é para mim incompreensível. Que o PS continue a preferir negociar à direita aquilo que é um legado do próprio PS e uma das maiores conquistas da democracia em Portugal, é para mim incompreensível”, defende.

Questionada sobre se o Bloco estará disponível para fazer parte de um possível Governo de coligação, a eurodeputada pouco diz. “O Bloco está disponível para disputar o governo. Qualquer formulação para além disso, terá de ser em função das relações de forças. Não se pode discutir em abstrato”, afirmou. Quanto à sua participação, a eurodeputada garante estar disponível “para fazer as lutas todas com o Bloco”, mas garante estar, no momento, “empenhada” no Parlamento Europeu.

Confrontada com o facto de o Bloco não ter alcançado o objetivo estipulado em 2015 de reestruturar a dívida, Marisa Matias frisa que essa meta não foi abandonada.

“Não conseguiu esse objetivo. Mas não abandonámos. Mantemos que a solução ideal é a reestruturação da dívida no quadro multilateral e não unilateral, quando há tantos países na zona euro que são incapazes de cumprir o critério da dívida”, assegura.

ZAP //

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