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O Tejo é uma ribeira que se atravessa a pé (e a culpa é da falta de chuva)

Os números oficiais e o próprio Governo confirmam: o Tejo tem recebido muito menos água do que nos últimos anos, que já tinham sido de seca. Agora, teme-se mesmo que o rio seque.

A falta de chuva está a reduzir os caudais do rio Tejo para níveis que nunca foram tão baixos. Os dados oficiais confirmam que a água a chegar à primeira barragem do lado português diminuiu para menos de metade desde janeiro deste ano, em comparação com igual período de 2018 e 2017.

À TSF, Francisco Pinto, pescador que nasceu “praticamente no rio”, conta que, em mais de 40 anos de rio, não se lembra de um mês como este último, em que o rio mais extenso da Península Ibérica tivesse um volume de água tão baixo.

“Se pegar numa canoa, a seguir à barragem vai remar, no máximo, 200 metros. A partir daí vai ter de puxar a canoa à mão enquanto anda pelas pedras”, afirma.

Ricardo Vermelho, também pescador, relata o mesmo cenário, adiantando que não se lembra de ter visto o Tejo entre os concelhos de Mação e Gavião, até Abrantes e mais à frente Constância, com tão pouca água – nem no inverno, nem no outono, nem na primavera, nem no verão.

“Se isto continuar assim, com a pouca água e o calor, os poucos peixes que restam vão todos morrer. Agora não há poluição, mas também não há água”, lamenta.

A água, “que já era pouca”, desapareceu ainda mais no último mês. Agora, este rio parece uma ribeira, com troços “onde a água não chega aos calcanhares“.

Segundo as contas feitas pela TSF, com base nos dados no site da Agência Portuguesa do Ambiente, confirmam que a água que chegou desde janeiro à Barragem do Fratel, a primeira do lado português, é menos de metade do que aconteceu nos mesmos meses de 2017 e 2018.

Questionado pela rádio, o Ministério de Ambiente garante que os caudais mínimos assinados com Espanha estão a ser cumpridos. No entanto, confirma que, este ano, o rio Tejo está a receber menos água do que nos últimos anos, numa queda que se agravou imenso neste mês de março.

O facto de as barragens do Tejo no lado vizinho estarem com menos água ajuda a explicar que Espanha esteja a libertar menos água.

“Este ano os valores de precipitação na bacia portuguesa correspondem a menos de 50% do valor normal e na bacia espanhola a situação é mais gravosa do que aquela que se verificou em 2017 e 2018”, pelo que “efetivamente os caudais lançados estas últimas semanas comparativamente aos anos de 2018 e 2019 são inferiores”, adianta o ministério.

O Tejo arrisca-se mesmo a secar e os pescadores e ambientalistas estão muito preocupados com essa situação. Arlindo Marques, conhecido como o “guardião do Tejo” pela sua luta em defesa do rio, confessa à TSF que está muito preocupado.

“Antes, de vez em quando, o Tejo também ia assim, mas agora é semanas com caudais muito reduzidos, diminutos… Não sei o que vai dar, mas está muito pouca água e, se não chover mais, tenho mesmo medo que seque… É terrível o que se está a passar”, remata.

ZAP //

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