Apenas 73 médicos ocuparam as 113 vagas abertas em dezembro para trabalharem como médicos de famílias em centros de saúde do País.
Ficaram, por isso, 40 vagas por preencher, a maior parte na zona de Lisboa e Vale do Tejo, onde mais de meio milhão de pessoas não tem sequer médico de família.
Os números não surpreenderam o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Em declarações ao Jornal de Notícias, Rui Nogueira explica que era “expectável” o número de médicos colocados uma vez que foram pouco mais de 90 os médicos que acabaram esta especialidade cerca de um mês antes do concurso.
Segundo o responsável, o Governo abriu um número de vagas superior na esperança de atrair especialistas que trabalham fora do Serviço Nacional de Saúde – mas parece que não funcionou.
Além de Lisboa, onde a falta de médicos de família é mais notada e onde há concelhos que parecem ser menos apelativos para os médicos, há zonas do País que são por si só preteridas, como é o caso do Alentejo em que apenas foi ocupada um das nove vagas disponíveis.
Também o Ministério da Saúde está atento a este resultado e refere que já está a discutir com os sindicatos do setor uma nova forma de seleção, para assim conseguir distribuir melhor os seus recursos.
A questão parece, à primeira vista, uma questão económica e pouco competitiva com o setor privado, mas o presidente da Federação Nacional dos Médicos, João Proença, acrescenta-lhe outros motivos para que os médicos desta especialidade não se sintam atraídos pelo trabalho nos centros de saúde públicos. Além da “falta de condições de trabalho”, a progressão na carreira é quase inexistente.
Segundo os dados divulgados pelo JN, foram preenchidas 18 das 21 vagas abertas para o Norte, 16 das 21 no Centro e 35 das 50 na zona de Lisboa e Vale do Tejo. Já no Alentejo foi preenchida apenas uma das nove vagas abertas e no Algarve entraram três médicos quando eram pedidos 12.