Uma cidade submersa. Sem água, sem luz e, em muitos casos, sem teto, a população da cidade da Beira, em Moçambique, vive um período assustador, após a passagem do ciclone Idai. O Presidente moçambicano admite mais de mil mortos.
A quarta maior cidade de Moçambique está completamente debaixo de água, tendo sido uma das mais afetadas pela passagem do ciclone Idai. Mais de 60% da cidade da Beira ficou destruída, segundo a Cruz Vermelha.
“A escala de danos causados pelo ciclone Idai que atingiu a cidade moçambicana da Beira é maciça e horripilante“, afirmou a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) em comunicado.
A prioridade das autoridades é o resgate de pessoas sitiadas pelas águas ou perdidas entre os escombros provocados pelas chuvas e ventos fortes que atingem os 170 quilómetros por hora. Segundo a TSF, cerca de 500 mil residentes estão sem energia.
Filipe Nyusi, o Presidente moçambicano, estima que mais de 100 mil pessoas corram perigo de vida, com aldeias inteiras desaparecidas e comunidades isoladas devido à subida das águas. Além disso, o governante assinalou ter visto corpos a flutuarem durante o sobrevoo de helicóptero que fez no domingo na zona.
Esta segunda-feira, Nyusi afirmou que o número de mortes devido ao ciclone Isai poderá ultrapassar as mil, assinalando que “o país vive um verdadeiro desastre humanitário de grandes proporções”.
“As águas dos rios Púngoè e Búzi transbordaram fazendo desaparecer aldeias inteiras e isolando comunidades, veem-se corpos a flutuar, portanto um verdadeiro desastre humanitário de grandes proporções”, frisou.
“Até ao momento, formalmente, há registo de acima de 84 óbitos, mas tudo indica que poderemos registar mais de mil óbitos“, afirmou o Presidente, numa declaração à nação, sobre a situação provocada pelo ciclone Idai.
O Presidente moçambicano referiu ainda o corte de vários troços da Estrada Nacional Número 6, provocando o isolamento dos distritos de Búzi, Chibabava e Muanza, na província de Sofala, e do distrito de Mossurize e do posto administrativo de Dombe, na província de Manica.
Em várias zonas alagadas, as populações foram obrigadas a procurar refúgio em árvores e tetos de casas, correndo riscos de vida, enquanto esperam pelo salvamento.
“Este desastre natural deixou grande parte da zona centro sem energia elétrica, a região também deixou de ter abastecimento de água potável e comunicações, além ter afetado o funcionamento normal dos hospitais, escolas e demais instituições públicas e privadas”, afirmou o chefe de Estado moçambicano.
População luta contra a falta de água
Ao Diário de Notícias, o português Ricardo Martins conta que, “neste momento, o problema mais grave é fazer chegar alimentos à cidade da Beira”.
“Não há água e ter luz também vai ser complicado. Há geradores, mas logo na sexta-feira houve corrida ao combustível e não sei como estão as reservas nos postos de abastecimento”, descreve o empresário que vive há sete anos em Moçambique.
“Sei que se está a organizar o envio de ajuda por barco e com as ligações aéreas já restabelecidas também ajuda”, adianta, referindo que, quanto às comunicações, esta segunda-feira a operadora Movitel já tinha a sua rede operacional. “Até domingo só se conseguia fazer telefonemas via satélite.”
Sobre a comunidade portuguesa, Ricardo adianta que não há notícias de perdas de vida, mas “alguns portugueses ficaram sem casa“. Aliás, segundo o empresário, a destruição das casas só não foi maior porque “tudo o que era edifícios coloniais aguentou-se. O pior foi a construção mais recente. A maior parte voou”.
Marcelo promete ajuda a Moçambique
Portugal está disponível para ajudar Moçambique na sequência da passagem do ciclone Idai na cidade da Beira que causou dezenas de mortos.
“Portugal procurará contribuir ao esforço de ajuda e reconstrução, quer diretamente, quer através da União Europeia e das Nações Unidas, exprimindo ao Povo irmão moçambicano e a todos quantos, em particular portugueses, foram afetados por esta grande tragédia”, refere o Presidente da República, numa nota.
Marcelo Rebelo de Sousa adianta na nota publicada no site da Presidência ter falado com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para se inteirar de “mais detalhes sobre os efeitos do ciclone no centro de Moçambique e particularmente na cidade da Beira, com um balanço bem mais trágico e dramático do que inicialmente estimado, quer em enormes perdas de vidas humanas e de feridos, quer em destruições e perdas de bens”.
O chefe de Estado português já tinha enviado uma mensagem ao seu homólogo na passada sexta-feira na qual expressou condolências pelas “trágicas consequências” da passagem do ciclone.
“O Presidente da República expressou, em nome do povo português e no seu próprio, sentidas condolências pelas trágicas consequências resultantes das violentas calamidades naturais que afetaram as regiões do Centro e do Norte de Moçambique”, refere a mensagem.
Na segunda-feira, o Governo português divulgou que “até agora não há registo de cidadãos portugueses mortos, feridos ou em situação de perigo” devido à passagem do ciclone Idai em Moçambique, mas “várias dezenas perderam casas e bens”.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou pelo menos 222 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos na segunda-feira. Mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pela tempestade naqueles três países africanos.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que o ciclone poderá ter provocado mais de mil mortos em Moçambique, estando confirmados atualmente 84. Estimativas iniciais do Governo de Moçambique apontam para 600 mil pessoas afetadas, incluindo 260 mil crianças.
O ciclone, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora atingiu a Beira, a quarta maior cidade de Moçambique, na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes sem energia e linhas de comunicação.
No Maláui, as estimativas do Governo apontam para que tenham sido afetadas mais de 920 mil pessoas nos 14 distritos afetados, incluindo 460 mil crianças. Há registos de pelo menos 56 mortos e 577 feridos.
No Zimbabué, a avaliação das autoridades apontava para cerca de 1.600 casas e oito mil pessoas afetadas no distrito de Chimanimani, em Manicaland, com registos de 82 mortes e 217 pessoas desaparecidas.
ZAP // Lusa
Sim vão já dar dinheiro às Tvs portuguesas, ao Marcelo etc. Para depois acontecer o mesmo que em Pedrógão.