Erdogan utiliza vídeo do massacre na Nova Zelândia em comício eleitoral

Daniel Kopatsch / EPA

Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan

O Presidente da Turquia exibiu excertos do vídeo gravado por Brenton Tarrant num encontro na cidade de Izmir, durante uma ação de campanha para as eleições do próximo dia 31 de março.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, utilizou este domingo, durante um comício eleitoral, partes do vídeo gravado durante o massacre ocorrido em duas mesquitas na Nova Zelândia e que causou 50 mortos, noticiou a agência EFE.

Durante um comício na cidade turca de Izmir, com vista às eleições locais de 31 de março, Erdogan interrompeu o seu discurso para projetar numa enorme tela montada no recinto mais de um minuto de imagens referentes ao ataque terrorista cometido por um cidadão australiano defensor da supremacia branca.

A exibição incluiu o momento em que o autor do atentado entra numa mesquita e dispara contra pessoas que estavam em oração na mesquita, imagens que o homicida transmitiu ao vivo pelo Facebook.

“Todos os líderes mundiais, todas as organizações, começando pelas Nações Unidas, consideram que foi um ataque contra o Islão e contra os muçulmanos, mas não o nomeiam, não dizem: ‘Ele é um terrorista cristão‘”, criticou Erdogan.

“Se eu fosse um muçulmano, eles diriam “terrorismo islâmico”, criticou ainda o presidente da Turquia, dirigindo-se aos países ocidentais, antes da exibição de partes do vídeo.

O australiano Brenton Tarrant, 28, de extrema-direita anti-muçulmano e anti-imigrante, foi detido após o ataque terrorista, o pior da história da Nova Zelândia.

As imagens perturbadoras do ataque foram transmitidas em direto na conta de Facebook do australiano, tendo sido posteriormente retiradas de grande parte das redes sociais, antes de ressurgirem agora no comício de Erdogan.

Segundo a Time, o Presidente turco continua a invocar o sentimento anti-muçulmano que se sente por todo o mundo, segundo o próprio, como forma de galvinizar os seus apoiantes mais devotos.

Com isto, segundo a revista, Erdogan tenta omitir a grande queda económica que tem afetado 82 milhões de turcos. A economia da Turquia terá recuado de tal forma que terá alcançado, no final do ano passado, o patamar de recessão técnica por causa da queda do valor da lira.