//

“Nem um euro” dos contribuintes será gasto no Novo Banco

18

Miguel A. Lopes / Lusa

O ministro das Finanças, Mário Centeno

Em entrevista à RTP3, o ministro das Finanças, Mário Centeno, sublinhou que o Fundo de Resolução é financiado pelo setor bancário e não pelos impostos dos portugueses.

Não há nenhum euro dos impostos dos portugueses a ser utilizado na operação” de recapitalização do Novo Banco, garantiu Mário Centeno esta quarta-feira, em entrevista à RTP3. O ministro das Finanças adiantou ainda que, no futuro, “o Fundo de Resolução vai pagar este empréstimo ao Estado, em 30 anos, com as contribuições do setor bancário”.

Desta forma, e como os empréstimos ao Novo Banco não “interferem com o desenho do Orçamento do Estado”, Centeno defende que não faz sentido defender que esse dinheiro poderia estar a ser aplicado noutras áreas da sociedade e da economia.

“Devemos todos ter a noção de que a crise financeira foi muito forte, foi sentida de forma muito severa em alguns setores, incluindo no setor financeiro. Portugal está, de forma muito robusta, a resolver todos e cada um desses problemas que foram criados e apareceram nesse momento”, começou por dizer o governante.

No entanto, o Novo Banco é um dos principais problemas ainda por resolver. Mário Centeno considera que aquilo que é “o legado do BES” não deveria ter passado para a nova instituição, em 2014, para que assim se fizesse “jus ao nome de banco bom”.

“Não foi assim e por não ter sido assim, o processo de recuperação do Novo Banco tem sido mais lento”, justificou o ministro das Finanças.

Mas Mário Centeno não se ficou por aqui e atirou também responsabilidades ao anterior Governo, recordando que, “inicialmente, o primeiro empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, logo em agosto de 2014, baseava-se numa expectativa de que haveria um ressarcimento com a venda da instituição – uma venda rápida e que permitiria recuperar todo o valor do empréstimo”.

Todavia, esta foi uma “expectativa fundada em não sei bem o quê“, comentou.

Segundo o Observador, feita a venda ao fundo Lone Star, já em 2017, Centeno argumentou que “hoje, esta injeção de capital, mais uma, vai ser feita, mais uma vez, em parte, recorrendo a um empréstimo do Estado”.

Contudo, o ministro frisou que “não é o Estado que está a injetar dinheiro no Novo Banco, é o Fundo de Resolução – que, no futuro, o Fundo de Resolução vai pagar este empréstimo ao Estado, em 30 anos, com as contribuições do setor bancário”.

Por este motivo, para Centeno não faz sentido dizer que o dinheiro que será emprestado ao Fundo de Resolução poderia ser aplicado noutros locais. O ministro deixou claro que o dinheiro para o Novo Banco, via Fundo de Resolução, “não interfere no desenho do conjunto do Orçamento do Estado. As nossas metas orçamentais são definidas independentemente daquilo que são as obrigações conhecidas” com o Novo Banco.

Ainda assim, Centeno não põe de lado o facto de esta situação configurar uma perda significativa para a economia portuguesa – aliás, esta consideração de Centeno é exatamente o que justifica a realização “indispensável” de uma auditoria aos créditos ruinosos do banco.

“O limite das perdas está estabelecido”

As imparidades registadas até ao momento estão “completamente enquadradas” no montante máximo que foi estipulado no contrato, de 3,89 mil milhões, num mecanismo com validade de oito anos. A velocidade com que o valor está a ser gasto não preocupa o ministro, porque os ativos tóxicos estão a ser reduzidos à mesma velocidade.

No entanto, o OE2019 previa um valor mais baixo do que os 850 milhões. Centeno explicou que essa expectativa tinha por base a sua própria expectativa de que “as necessidades de capital tivessem um perfil descendente ao longo do tempo, o que não aconteceu”.

O processo de venda dos ativos do banco é “muito monitorizado”, mas Centeno diz que “neste momento” ainda não tem “verdadeiramente, uma expectativa muito formada” sobre se o Estado irá emprestar, este ano, os 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução (o máximo anual que está previsto) ou se o valor será diferente.

A expectativa de Centeno é que “manteremos o equilíbrio” nas contas públicas mesmo com um impacto maior do empréstimo que será feito para o Novo Banco.

O limite das perdas está estabelecido e é intransponível“, garantiu Centeno, referindo-se aos 3,89 mil milhões de euros que podem ser usados pelo Lone Star para se ressarcir das perdas sofridas nos ativos tóxicos que foram identificados na venda do banco.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

18 Comments

  1. Teria razão se a velocidade do endividamento estatal com o sistema financeiro, não fosse maior do que a reposição do Fundo de Resolução pela Banca.
    É mais uma promessa de Centeno para não cumprir, e daqui a 30 anos nem ele cá estará para responder pela afirmação que agora faz.
    A verdade é que se o Fundo de Resolução não está apto a cobrir o buraco financeiro, é o Estado (o dinheiro dos contribuintes ) que fará essa entrada, reduzindo drasticamente o dinheiro disponível para o desenvolvimento.
    Que grande falácia a de Centeno e só me admira a oposição ( extrema esquerda incluída ) estarem comprometidas e silenciosas.

  2. Esta comandita de Maçons irá continuar a fazer o que lhes apetece, a protegerem-se, e a aldrabarem o Zé Povinho.
    Quem acredita neste Parvo?

  3. falar verdades sem explicar tudo! muito bem e típico dos tempos que correm!
    porque não explicar que o estado vai avançar o dinheiro como empréstimo a 30 anos. mas esse dinheiro do estado não são os euros dos contribuintes?
    qual vai ser a taxa de juro? e se o fundo não tiver capacidade para fazer face ao empréstimo? tem algum avalista ou bens próprios?
    parecem os emprestimos feitos pela CGD em que não há garantias nem culpados.
    pode ser que tenhamos novidades no programa da Cristina entre cataplanas e chamadas telefónicas.

  4. O que vai acontecer, é que para os bancos reporem o emprestimo concedido pelo Estado Português ao tal Fundo de garantia, ou seja um emprestimo concedido pelos portugueses que será apenas devolvido porque os bancos irão cobrar maiores comissões, aplicar taxas, emprestar para habitação com juros maiores, etc. Milagres não existem. O Ricardo, o José, o Dias, o Oliveira, o Armando, o António e outros roubaram demasiado, mais dovque o até então sustentável. Os portugueses não vão dar, vão apenas emprestar. Quem for gerir esse dinheiro emprestado, utilizará bem metade dele e roubará da outra metade. Para devolverem esse dinheiro aos portugueses, vão ter que cobrar impostos, taxas e juros mais altos aos portugueses. Não haverá agora nenhum comunista, mesmo daqueles que não batem bem da tola (que não faltam) que se levante e proponha a nacionalização daquela merda de banco? Vai custar não sei quantos milhões mais, sim, qual é o problema? Assim como assim vou pagar na mesma.

  5. “Nem um euro” dos contribuintes será gasto no Novo Banco!?!?!?!?

    Quem é que paga a carrada de taxas e taxinhas que os bancos agora nos impõem!? Não são na mesma os contribuientes só que com o nome de “clientes”!? Qual é o contribuinte que não tem conta bancária!?
    Quando eu era pequenino diziam-me: as pessoas poupam e guardam no banco, os bancos pegam nesse dinheiro e emprestam com uma taxa mais alta a quem precisa de empréstimo e como “recompensa” ainda nos pagam um bocadinho…
    Bons velhos tempos…

  6. Aqui está uma afirmação de um senhor que é ministro das finanças, ainda se fosse de um profundo analfabeto nada me espantaria agora vinda de alguém com tal cargo só poderá ser porque nos toma a todos por autênticos tolos, como se não fossemos nós a alimentar os Bancos e estes por sua vez o Fundo de Resolução.

    • E não somos tolos??????!!!!!! Muito pior que isso, somos acéfalos… No dia em que um político disser uma verdade, for honesto e cumprir uma promessa, acontecerá a maior explosão do universo: o diabo rebenta!!!!!! Nem o burro (quadrúpede) acredita em políticos… Será que acontecerá o milagre em Fátima e aparecerão do ar os ditos milhares de milhões?!!!!! Mas muito mais provável será, saírem das mãos dos contribuintes…

  7. A Falácia é evidente quanto mais não seja sendo a CGD um banco pùblico tudo aquilo que meter no Fundo vai efectivamente sair do bolso dos contribuintes.

  8. Acredito tanto no Centeno como acredito no Costa ou seja ZERO.
    Quer dizer que o dinheiro que o Estado vai dar ao NB é de quem, é do PS?

  9. O problema nisso tudo é que tenho lá conta por causa da porcaria de um empréstimo que fiz faz anos.
    Taxas internas, obrigação de aderir a produtos que depois têm taxas, etc etc…
    É tudo uma vigarice.

  10. Quantos milhares de euros já foram dados por nós portugueses? O Banco serve para quê à mega empresa americana Lone Star?
    Este ministro e o primeiro ministro deviam pagar pelo que dizem de inverdade e mentira, ““Nem um euro” dos contribuintes será gasto no Novo Banco”. Ridículos estes políticos da treta.

  11. Humor negro…mas alguém acredita numa palavra que esta gente diz? Políticos Portugueses credibilidade ZERO, banqueiros credibilidade ABAIXO DE ZERO, até o pai natal tem mais credibilidade que esta gente toda!Precisamos de um milagre!

  12. Eu votei no PS , concordei com algumas das medidas tomadas por este governo, mas devo confessar que estou desiludido, esperava muito mais, o Sr Centeno que eu sempre respeitei, revelou-se uma grande desilusão quando saiu do governo para o Banco de portugal, infelizmente chego à conclusão que votar nos partidos do dito sistema, não resulta,é sempre mais do mesmo!Triste!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.