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Bloco de Esquerda. 26 militantes rompem com partido (incluindo dois irmãos de Louçã)

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Mário Cruz / Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins

Contra o “tacticismo”, militantes do Bloco de Esquerda, incluindo dois irmãos de Francisco Louçã, fundadores do partido, decidiram afastar-se e apontam as razões numa extensa carta enviada à mesa nacional.

“Resolvemos deixar o Bloco porque não podemos ignorar o caminho de institucionalização dos últimos anos que transformaram o partido, de instrumento de luta política, num fim em si mesmo”, começam por referir na carta os bloquistas que esta terça-feira tornaram pública a sua desvinculação do partido liderado por Catarina Martins.

A carta, revelada num primeiro momento pelo jornal i foi assinada, entre outras personalidades, pelos irmãos do antigo dirigente Francisco Louçã – Isabel Louçã e João Carlos Louçã e é feita de duras críticas.

No capítulo da “institucionalização do partido”, escrevem que “o tacticismo de decisões, o jogo da comunicação na sua forma burguesa, a ausência de qualquer ativismo local inserido numa estratégia de construção do partido, a progressiva ausência de pensamento crítico acompanhada pela hostilização da divergência interna e profundo sectarismo com outras forças de esquerda, transformaram o BE num projeto reformista centrado na sua própria sobrevivência”.

Depois de um parágrafo dedicado à denuncia da “resposta tíbia” do Bloco à questão do Bairro da Jamaica, os agora ex-bloquistas falam mesmo em expulsão de militantes e em perseguições.

“Sem espaço para a construção coletiva, perseguindo e expulsando militantes, manipulando eleições internas de forma a garantir a ficção de um partido coeso, ao mesmo tempo que a grande maioria dos e das aderentes se abstém em todos os processos de debate e decisão onde imperam os acordos de cúpula, o Bloco tornou-se numa organização hierárquica e cristalizada”, lê-se.

O grupo considera ainda que o partido “deixou de servir” para “pensar coletivamente os caminhos da emancipação, deixou de ser capaz de uma prática política coerente com as tradições comunistas, socialistas ou libertárias, deixou de ser capaz de transformar esperança militante em energia transformadora”.

O grupo argumenta que “a esquerda que varreu o projeto revolucionário para debaixo do tapete, numa tentativa de ganhar respeitabilidade, não será assim tão diferente da esquerda que dele abdicou há muito” e garantem: “Pela nossa parte continuaremos o combate, pelos meios ao nosso alcance, para uma alternativa que não se limite a gerir o sistema existente, mas que procure os caminhos para sua superação revolucionária”.

Apesar de terem experiências e sensibilidades políticas diferentes, o grupo que assina a carta tem em comum o facto de ser crítico da direção há vários anos. Nas últimas Convenções do BE, uma maioria dos signatários da carta era, aliás, subscritora das moções minoritárias críticas do rumo seguido pelo partido.

Além dos irmãos de Francisco Louçã, assinam o documento Alex Gomes, Alistair Grant, Ana Margarida Tavares dos Santos, André Rodrigues Pereira, Ângela Patrícia Teixeira Fernandes, Elisabete Figueiredo, Filipe Teles, Irina Castro, João Azevedo, João Freitas, João Rodrigues, José Viana, Leonardo Silva, Maria da Graça Pacheco, Maria Emília Gomes, Maria José Martins, Mário Martins, Nuno Pacheco dos Santos Costa, Paula Coelho, Paulo Martins, Pedro Santos Costa, Ricardo Cabral Fernandes, Sérgio Vitorino e Tiago Braga.

ZAP //

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23 Comments

  1. O bloco de esquerda se tivesse no poder seria pior que os outros.
    Viu-se a forma como tratou os diversos casos, acomeçar pelo robles.
    Ainda por cima, só defendem parte dos portugueses: os funcionário públicos. Dos privados nem falam.
    E já fui votante do bloco.

  2. O que se podia esperar desta gentalha esquerdina, agora a juntar-se à geringonça é cá uma salgalhada bem ao jeito deste tipo de gente, que ainda por cima tem a distinta lata de apoiar o Nicolas Maduro? !!!
    Nem quero imaginar esta gente dentro de um governo, o horror que deveria ser, mais o cadavérico do sr. dono do PC. Do PS é capaz de tudo para governar, daí que tudo o que for desta estirpe, longe dela.

    • Andas todo baralhadinho… quando é que o BE apoiou o Maduro?!
      Recorda-nos lá quando foi isso, que eu não me lembro…
      Quem andou várias vazes (cá e lá) de “mão dada” com o Maduro, foi o Paulo Portas e companhia!…

      • Ó sr, Eu!
        Que eu saiba foi o único partido a votar contra as decisões de reconhecer o Vice Presidente Juan Guaidó.
        Paulo Portas com o Maduro? obrigado pela pela informação, já agora Paulo Portas era o Ministro dos Negócios Estrangeiros e não pela sua imaginação algo catatónica.

        • Ah… o BE votou contra o reconhecimento de Gauidó como Presidente da Venezuela, portanto é a favor do Maduro!…
          Está boa… é a máxima do Trump: se não estás connosco, estás contra nós!!
          .
          Sim, o Portas, nos “tempos-livres”, era Ministro dos Negócios Estrangeiros (e Vice-Primeiro-Ministro), no resto do tempo andava de “mão dada” com o Maduro (e companhia) a arranjar negócios para o Mota-Engil (etc) na América Latina!…

        • so para um esclarecimento que nao tem a ver com a materia mas com um “EU” que aqui aparece como alguem com opiniao mesmo que estupida ou sem fundamentos nao passa de mais um agente ( melitante ou subvencionado) que serve apenas os interesses do partido do hotel vitoria e dos por enquanto aliados do covil do rato. mais do que tentar rebater as suas mentiras descaradas e denunciar as suas patranhas falaciosas e maleficas.

  3. Se “o projeto revolucionário” corresponde à tomada do poder pelas armas, que define o que é uma extrema esquerda/direita, será correto dizer que temos legalizado um partido que preconiza(va) a tomada do poder pela via revolucionária i.e. das armas!?!?! UAU

        • ehehehehehe… bandidos e assassinos… ainda e gente que tem mais figados e mente preversa infelizmente para a maioria de quem sofre os seus crimes…..mas ha “EU” s… que sao muito piores, pois sem coragem para fuzilar, matar roubar ……..invadem as mentes dos incautos e ingenoos com veneno muito mais detestavel e muito mais perigoso que todos os fuzilamentos que che, fidel maduro chavez pol poth estaline e ate aquele “pide” que assassinou alex que ia para um encontro secreto e que por acaso era gay e fazia sombra na direçao do pc instalado em portugal.

      • Sim armas.
        Veja o projeto revolucionário comunista e como estes tomaram o poder na Rússia e depois no resto do leste europeu, bem como em vários países da Ásia.
        É uma das definições/conceitos de alguns sociólogos, na qual inclusivé a Catarina terá baseado a resposta a um repórter, quando afirmou que o BE agora é esquerda radical e não extrema esquerda.

    • O Diabo não quer levar nenhum. Ainda podiam ser piores que o próprio Diabo e passarem eles a mandar no Inferno. E isso o Diabo não quer….!!!

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