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“Mar de lama” no Brasil: nove mortos e até 300 desaparecidos

Yuri Edmundo / EPA

Pelo menos nove pessoas morreram e entre 200 e 300 estão desaparecidas na sequência da rutura de uma barragem em Brumadinho, Minas Gerais, no Brasil, anunciaram as autoridades, num novo balanço.

De acordo com o jornal Globo, o último balanço do Corpo dos Bombeiros, emitido às 1:30 (03:30 em Lisboa), elevou para nove o número de mortos e até 300 o números de desaparecidos no desastre. Já foram resgatadas 189 pessoas. O anterior balanço apontava para sete mortos e cerca de 150 desaparecidos.

A rutura da barragem causou um rio de lama e de resíduos minerais, soterrando as instalações da empresa e destruindo diversas casas na zona.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, já considerou ser muito difícil resgatar pessoas com vida dos escombros. “A polícia, o corpo de bombeiros e os militares fizeram tudo para salvar os possíveis sobreviventes, mas sabemos que as hipóteses são mínimas e provavelmente apenas encontraremos os corpos”, disse o governador, que se deslocou para o local.

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou que vai sobrevoar este sábado a área afetada pela rutura da barragem. O Chefe de Estado brasileiro garantiu que o Governo vai “tomar todas as medidas ao seu alcance” para minimizar o sofrimento “dos familiares das possíveis vítimas” e também das questões ambientais.

O Governo já anunciou a criação de um gabinete de crise para ajudar os afetados que envolve vários ministérios, estando vários meios no local a trabalhar.

Segundo a empresa mineira Vale, detentora da barragem que rebentou, a área administrativa da empresa foi atingida pela lama, contendo funcionários no seu interior.

O presidente do conselho de administração da Vale, Fabio Schartzman, afirmou que desconhece o que esteve na origem da rutura da barragem. “As principais vítimas foram os nossos trabalhadores”, adiantou, referindo que um restaurante foi destruído pela lama à hora de almoço. Schartzman salientou que o caso de hoje [esta sexta-feira] é uma “tragédia humana maior do que aquela que ocorreu em Mariana”, mas explicou que os impactos ambientais devem ser menores.

Há quase três anos, uma das barragens da empresa Samarco, controlada pelos acionistas Vale e BHP, rebentou na cidade de Mariana, no estado de Minas Gerais, originando uma torrente de lama que destruiu fauna, flora e construções ao longo de 650 quilómetros. Este desastre causou 19 mortos, além de ter deixado desalojadas milhares de famílias.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MBA) considerou que a rutura da barragem em Brumadinho era uma “tragédia anunciada”, referindo que já tinha efetuado diversos alertas. A organização não governamental salientou que, desde 2015, quando ocorreu uma tragédia semelhante na cidade de Mariana, também no estado de Minas Gerais, que tem vindo a alertar para os riscos na mina em que ocorreu o acidente na barragem e cuja ampliação foi aprovada apesar das advertências.

“Desde 2015 que inúmeras denúncias foram efetuadas sobre o risco de rompimento de barragens do complexo em Brumadinho, mas mesmo assim teve a sua ampliação aprovada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental em dezembro passado”, referiu a organização em comunicado.

ZAP // Lusa

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