O antigo militante comunista italiano Cesare Battisti, procurado por quatro homicídios durante os anos 1970 e capturado no sábado na Bolívia, chegou esta segunda-feira a Roma.
Segundo as autoridades, o fugitivo de 64 anos foi extraditado depois de ter sido detido na cidade de Santa Cruz de La Sierra numa operação policial internacional.
Após uma fuga da prisão em Itália, Battisti viveu vários anos no Brasil mas desapareceu novamente depois de um mandado de prisão ter sido emitido no mês passado.
O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, confirmou que Battisti foi entregue às autoridades italianas e que um avião fretado tinha partido da Bolívia. “O avião com Cesare Battisti acabou de descolar em direção a Itália. Estou orgulhoso e comovido”, escreveu no Twitter.
Battisti foi preso por uma equipa especial da Interpol no sábado, por volta das 17h00 locais (21h em Lisboa) numa rua de Santa Cruz de La Sierra. Estava sozinho e usava óculos escuros e uma barba falsa, de acordo com o jornal italiano Corriere della Sera. Battisti não resistiu nem tentou escapar, segundo as autoridades.
O avião tinha descolado de Vira Viru, em Santa Cruz de La Sierra, a 850 quilómetros da capital da Bolívia, La Paz. Matteo Salvini estava à espera de Cesare Battisti no aeroporto e transmitiu em direto, através das redes sociais, a chegada a Roma.
Logo que aterrou, Cesare Battisti foi levado para a prisão de Rebibbia, onde ficará preso no circuito de alta segurança reservado a terroristas. Nos primeiros seis meses ficará em isolamento diurno.
Fugitivo tornou-se escritor de sucesso
Em 1979, Battisti foi condenado por pertencer a um grupo de extrema-esquerda ilegalizado em Itália, os Proletários Armados pelo Comunismo. Dois anos depois, escapou da prisão.
Mais tarde, viria a ser condenado na sua ausência por responsabilidade direta ou indireta em quatro homicídios. Em 1993, foi condenado à prisão perpétua pelos assassinatos, entre 1977 e 1979, de quatro pessoas: dois polícias, um açougueiro e um joalheiro. Em dois deles, foi condenado como autor do homicídio. Nos outros, como organizador.
Battisti admite ter feito parte dos PAC mas nega responsabilidade nos homicídios. Depois de se evadir da prisão italiana, fugiu para o México. A partir de 1990, viveu em França, onde o então Presidente François Mitterrand recusou a extradição. Em França, tornou-se um escritor famoso e publicou romances policiais nos quais analisava a sua experiência na luta armada.
O italiano chegou ao Brasil em 2004. Em novembro de 2009, o plenário do Supremo Tribunal Federal autorizou a extradição pedida por Itália. No entanto, no último dia do seu mandato, a 31 de dezembro de 2010, o então Presidente Lula da Silva negou a extradição e autorizou Battisti a permanecer no Brasil.
No mês passado, voltou a desaparecer depois de um mandado de prisão ter sido emitido.
Segundo o El País, Cesare Battisti conta que passou a sua vida a trabalhar como escritor e jornalista e que não é “o monstro” que o Governo italiano descreve.
ZAP // BBC