As empresas portuguesas têm o terceiro maior número de administradores por sociedade cotada em bolsa na Europa. Segundo o relatório da consultora de recursos humanos Heidrick and Struggles sobre o governo das sociedades cotadas no ano passado, as empresas do PSI 20, o índice que reúne as maiores cotadas nacionais, tinham em média 14,1 administradores por conselho de administração.
Este número, apesar de ter caído em relação a 2012, quando o número médio de gestores por conselho era de de 15, continua a ser um dos mais elevados na Europa.
Numa lista de 15 países, Portugal só é ultrapassado em número de administradores por empresa pela Alemanha, onde a dimensão do conselho é inflacionada pela presença de representantes dos trabalhadores, e pela Espanha, onde o órgão de cúpula das grandes empresas conta com 14,3 administradores.
O número de gestores em Portugal é superior à média dos 15 países europeus analisados, que é de 12,1, mas está próximo dos valores que encontramos nas empresas francesas e italianas. Excluindo a singularidade alemã, são as empresas do Sul da Europa que maior número de gestores têm no conselho. O universo avaliado inclui cerca de 400 empresas, das quais 20 são portuguesas.
Examinando os órgãos sociais das sociedades que hoje estão no PSI 20 constatamos que seis têm 20 ou mais administradores. Na lista liderada pela EDP, com 30 (inclui o Conselho Geral e de Supervisão), encontramos ainda a Portugal Telecom, o BPI, BES, BCP e Galp. Um maior número de gestores está muitas vezes associado à maior diversidade de accionistas com participações qualificadas.
O típico gestor de uma grande empresa cotada na bolsa de Lisboa é homem, tem 56,6 anos e ocupa um cargo de administração há seis anos. Este é o retrato robot que pode ser traçado a partir das características referidas no relatório da Heidrick and Struggles para 2013.
Na comparação internacional, os gestores nacionais estão entre os mais jovens, a média europeia é de 58,2 anos. Talvez por isso, apenas 22% dos administradores tenham experiência prévia de desempenho de cargos de presidente executivo. É a segunda percentagens mais baixa da Europa, a seguir à Polónia e excluindo o caso alemão. Portugal tem também a segunda mais baixa presença de membros não executivos, 63% para uma média de 80%. Estes responsáveis desempenham muitas vezes funções de administradores independentes com funções de fiscalização e controlo da gestão. A percentagem de empresas em que o presidente executivo e o não executivo (chairman) são a mesma pessoa está contudo entre os mais baixos da Europa – 13%.
A fraca presença de mulheres nos cargos de administração das empresas portuguesas é uma conclusão pouco surpreendente, mas que ganha maior evidência na comparação com o cenário na Europa.
Portugal partilha com a Polónia o último lugar no ranking de administrações com presença feminina, com uns modestos 8%. Ainda assim esta percentagem duplicou em 2013. No critério de conselhos sem a presença de mulheres, as empresas portuguesas são as segundas mais masculinas a seguir às polacas, com 30% das sociedades a não terem ninguém do sexo feminino no órgão de administração. A análise da consultora americana mostra ainda que os níveis mais significativos de participação das mulheres em órgãos de gestão tendem a coincidir com os países que estabeleceram metas. As quotas variam entre os 20% e os 40%. Podemos encontrar os maiores graus de incumprimento destes objectivos nos países do Sul: Itália e Espanha.
A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários divulgou o seu relatório sobre o governo das sociedades cotadas, mas o universo é distinto: abrange 43 empresas da bolsa de Lisboa, e não apenas o PSI 20, e o período de análise é 2012.
/Lusa