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Coletes Amarelos não desarmam e são “uma ameaça para toda a Europa”

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Sebastien Nogier / EPA

Protesto dos “Coletes Amarelos” no sul de França

França vive mais um dia de protestos do movimento “Coletes Amarelos” numa “crise social inédita” que se arrasta há vários dias. Com a posição de Emanuel Macron cada vez mais fragilizada, temem-se as consequências que o movimento pode ter para toda a Europa.

Mais de 400 pessoas foram detidas durante este sábado de manhã em França, e mais de 700 foram interpeladas pelas autoridades – cerca de 600 em Paris -, segundo números do Le Monde, no âmbito dos protestos do movimento “Coletes Amarelos”.

A revolta reflecte uma “crise social inédita” em França, conforme nota o referido jornal, numa altura em que a tensão começa a preocupar outros Estados-membro da União Europeia (UE), temendo que o movimento se alastre para fora das fronteiras francesas.

Em Bruxelas, no coração da UE, uma pequena amostra de “Coletes Amarelos” manifestou-se também, motivando a intervenção da polícia com canhões de água e granadas e mais de 100 detenções, conforme dados dos correspondentes da TSF na capital belga.

Na Alemanha, na Holanda, na Bulgária e na Sérvia, houve também, nos últimos dias, vagas de contestação com os coletes amarelos como marca da luta contra medidas governamentais, em áreas tão distintas como o aumento dos impostos sobre os combustíveis, as políticas de migração ou a interdição de circulação das viaturas diesel mais poluentes.

Mas se não há, para já, qualquer ligação entre estes movimentos, começa a crescer na Europa o receio de que os “Coletes Amarelos” sejam determinantes para o futuro próximo do Velho Continente, até porque estão à porta eleições para o Parlamento Europeu.

“A tomada do poder político da Europa”

A posição de Emmanuel Macron está cada vez mais fragilizada e a sua crise interna “é uma ameaça para toda a Europa“, defende a colunista do The Guardian Natalie Nougayrède num artigo de opinião.

Nougayrède destaca que os protestos de França agradam a extremistas de direita e de esquerda, desde os defensores do Brexit no Reino Unido, à extrema-direita de Marine Le Pen, até aos apoiantes de Matteo Salvini em Itália, considerando que todos eles anseiam pela “agitação e pelo caos nas democracias liberais”.

“O preço que os extremistas procuram é uma tomada do poder político da Europa nas eleições para o Parlamento Europeu de Maio próximo”, alerta a cronista.

Por outro lado, na Alemanha, o que mais preocupa são os aspectos financeiros da UE, com a certeza de que os “Coletes Amarelos” são um desastre para as Finanças da Europa, como se destaca no suplemento do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

Numa peça intitulada “A revolta”, o FAZ aponta a preocupação germânica com o recuo já manifestado pelo Governo francês nas medidas fiscais anunciadas, no seguimento dos protestos.

É “o princípio do fim” de “todas as iniciativas de reforma e de saneamento das finanças públicas” que a UE, com o Governo alemão à cabeça, defende, salienta o jornal.

Macron era encarado, sobretudo na Alemanha, como a última esperança para “modernizar a França e, ao mesmo tempo, reconstruir a Europa“, mas corre agora o risco de “falhar” perante uma grande maioria de franceses que revelam hostilidade para com as medidas impostas por Bruxelas.

“Depois da Grã-Bretanha, é a França que se desvanece como parceiro europeu fiável da Alemanha”, atira o FAZ, lamentando que “o país sucumbe a uma ‘febre amarela’ – sem esperança de cura rápida”.

SV, ZAP //

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21 Comments

  1. O problema principal das grandes (e desejáveis de ter continuidade) democracias da Europa, é que perderam a capacidade de comunicar com a cidadania. De facto perderam não só a capacidade, mas também a vontade política de o fazerem, por darem o poder como adquirido e não verem necessidade de se explicar aos cidadãos.

    Algumas reformas e alguns impostos (não todos, entenda-se) são necessários e benéficos para as próprias populações. Para mentes simples e visões superficiais das coisas, os impostos são coisas más e era desejável que não existissem. Mas o que são as nações mais do que o conjunto das pessoas que lá vivem? E se as pessoas não contribuirem todas (daí a designação “contribuições” dada aos impostos) como é que há dinheiro para que as estruturas/instituições dessas nações sejam sustentáveis? As estradas, as pontes, as canalizações, as obras públicas, as administrações públicas, as escolas e a saúde pública, etc… E como é que as pessoas vão todas contribuir de forma voluntária, equalitária e socialmente justa, se essas contribuições não forem impostas pelo Estado (daí a designação “imposto” dada às contribuições).
    É muito bonito ir para a rua de colete fluorescente gritar “não pagamos”. Mas sem pagar nem contribuir pra nada, não vai melhorar a vida de ninguém. O que importa é combater a corrupção e todos os vazadouros e sorvedores que desviam as contribuições da cidadania, para fins que não revertem a favor dela. Isso sim! Não é simplesmente querer acabar com os impostos.

    Mas como por um lado as pessoas são pouco esclarecidas e por outro, os governos não esclarecem… Torna-se muito fácil para certos oportunistas que querem ganhar um lugar ao sol no poder, finjir estar do lado das populações quando as crises se instalam e manipular a ignorância e os medos das mesmas, dizendo que o problema são os impostos e tudo o que os actuais governos fazem… E que a solução está em votar neles. Mas no fundo, sabe-se bem que se essa gentinha extremista e prepotente for para o poder, ainda se vão servir mais do poder e ainda vão oprimir mais as populações. Aliás, gente com discurso autoritário busca o poder absoluto e se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente! Como de resto sempre fizeram os extremistas ao longo da História. Só que infelizmente a ignorância e o medo primário são o grande aliado destes populistas que sabem que as pessoas não compreendem os sciclos da história nem aprendem com o erro das gerações anteriores. Acham sempre que os avós eram burros e que eles é que sabem o que querem.

    • Quando o senhor escreveu para que servem e para onde vão os impostos, esqueceu-se de muita coisa. Esqueceu-se de escrever que, lá como cá, estamos esmifrados com impostos para sustentar ociosos, chupistas, oportunistas, mafiosos e quem não faz a ponta de um corno! Enfim, um Estado pesadão que serve para esmifrar o zé contribuinte.

    • Daria toda a razão ao sr. Queiroz se o valor dos impostos fosse utilizado para bem dos cidadãos. Infelizmente isso não acontece. Grande parte é para ser desbaratado: desviado, mal empregue e pior, para alimentar a “esbanja” escandalosa e imoral da classe política.

  2. O tabuleiro de xadrez está em grande rebuliço!
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    O rei, a rainha, os bispos, os cavalos e as torres, estão resguardados pelos peões, e representam os poderes económicos que se defrontam numa guerra cada vez mais descarada de supremacia.
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    Os políticos são os peões, por isso, são marionetas e “carne para canhão” dos que estão na fila de trás!
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    O cidadão comum de qualquer nacionalidade ocidental ou oriental nem tem voz activa nesse jogo, mascarado de democracia, evolução e progresso. Limita-se a consumir o que os das filas de trás lhes põem na frente e também a ter de pagar impostos, que pelo menos garantam umas boas vidas aos da fila da frente, aos peões
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    Os peões, são uns seres que sofrem metamorfoses, caracterizadas basicamente pela perda da estrutura óssea, seguindo-se uma degenerescência de ordem mental até à falta de coragem e à submissão absoluta, embora tenham os meios, para pôr na ordem os da fila detrás.
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    A subserviência dos peões, acciona um crescendo de falta de respeito para com todos aqueles que assinaram o cheque em branco (boletim de voto) e lhes facilitaram o acesso ao tabuleiro.
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    O tabuleiro está em grande ebulição… e não vai parar!

  3. Sr. Miguel Queiroz
    Estou completamente de acordo com o seu comentário.
    Não foi por acaso que o maior moralista da História da Humanidade afirmou;
    “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”
    Quando os povos estiverem esclarecidos irão ver-se livres desta canalha que os quer
    arrebanhar para, através deles, alcançarem os seus, mais escuros, intentos.

  4. Pois, quando se escreve:

    “temem-se as consequências que o movimento pode ter para toda a Europa”
    “temendo que o movimento se alastre para fora das fronteiras francesas”

    Não sei que opiniões e pontos de vista se consideram.
    No meu e no de muita gente, estaria mais correto o seguinte:

    “anseiam-se as consequências que o movimento pode ter para toda a Europa”
    “desejando que o movimento se alastre para fora das fronteiras francesas”

    Esperemos que o movimento cresça e que tenhamos a revolução que a Europa precisa, acabando-se com este sistema feudal instalado e com os pesados tributos impostos a uma esmagadora maioria para sustento de uma minoria, em grande parte encostada ao aparelho governativo e à função pública por ele escolhida (os famosos boys e girls…).

    • Sr. Paulo Silva,
      Estou absolutamente de acordo,com o que escreve. O “ politicamente correcto “ e o total divórcio, destes governantes com a população, criou este fenómeno.

      E agora teem medo,

      Cumprimento

  5. Eu ate percebo e entendo estas manifestações, so nao percebo o que é que a vitrine da minha loja ou o meu carro estacionado na via publica tem a ver com isto…normalmente estas manifestacoes, greves, bloqueios afectam quem nao deve…podiam por exemplo invadir a assembleia ou algo dos governos, não o privado como acontece sempre…sera que os sindicatos assim o exigem?

    • Pois, tem toda razão, existem os manifestantes e depois, infiltrados no meio deles, existem os vândalos.
      O vandalismo é reprovável, principalmente quando incide sobre o cidadão comum, precisamente aquele que tem razões para se manifestar e que, neste caso, em muitas situações é o que está a fazer.

  6. O problema não é a cobrança de impostos, é o aumento dos mesmos para financiar bancos e sustentar a corrupção generalizada da classe politica

  7. A Culpa disto são os bilderbergers globalistas Neo-Liberais que provoicam a destruição dos Países através da economia. Como foi possivel que os traidores à Pátria tenham vendido a Nossa Independencia sem o Aval dos Portugueses? já não faltará muito para acabarem com o país Portugal. Vão transformar-nos numa Província. Não Há Nada que a Europa tenha que pague a nossa Independencia de Séculos que custou muito sangue, suores e Lágrimas aos nossos ante-passados. Não abram os olhos não…. e depois não se queixem do que os Políticos traidores vão fazer a Portugal. Aos pouquinhos a Desunião Europeia vai retirando Soberania e Instituições ds países membros para se tornar num Estado centralizado. Portugueses Abram os OLHOS….. Estão assassinando Portugal. A União Europeia Soviética, avança devagar, mas avança e irá alcançar esse objectivo rapidamente, e estão a aproveitar-se de Trump e Putin para andar mais depressa. Apartir de 2022 já não teremos águas territoriais e nem zona económica exclusiva e os seus recursos. Passarão tudo para as mãos de Bruxelas. E já estão preparando estes pontos ( Alguns já são realidade) 1- um ministro das finanças para a União Europeia. 2- Um Orçamento Europeu 3- Um Ministro das Finanças Europeu 4- Policia de Fronteiras comuns ( Frontex) 5- Um Exército europeu 6- Um Governo Europeu que substitua a Comissão Europeia 7- Um FBI Europeu. 8 – Um ministro dos negócios estrangeiros europeu 9- Uma Moeda Única 10 – União Bancária, etc… Aínda faltam mais coisas que andam a preparar nas costas do Povinho

  8. O primeiro comentário a este artigo pelo Sr. Miguel Queiroz é tão infeliz que dói. As pessoas estão informadas sobre o sistema. Sabemos que se queremos saúde, reformas, etc para todos teremos que ser todos a contribuir. O que as pessoas também sabem é que todo o dinheiro que nos é sacado vai como alguém já disse aqui para fins ilicitos, é literalemente roubado e serve para encobrir burlas e pagar reformas milionárias a quem nunca trabalhou. Isso é que é aberrante. Já para não falar das crescentes politicas de favorecimento a toda a corja ligada ao governo seja de que forma for e o espezinhamento cada vez maior de quem trabalha e vive do seu trabalho.

    • Infeliz porquê?
      Eu acho que é muito acertado!!
      As pessoas não estão informadas (e muitas não querem estar!) e tu não percebeste nada do que o Miguel Queiroz escreveu!
      Quanto ao resto, estamos de acordo.

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