O Supremo Tribunal paquistanês absolveu esta quarta-feira Asia Bibi, uma cristã condenada à morte por blasfémia e detida desde 2010, um caso que provocou indignação internacional e violência no país islâmico.
“Asia Bibi foi absolvida de todas as acusações”, disse o presidente do conselho de juízes Mian Saqib Nisar na leitura do veredito do Supremo Tribunal, acrescentando que Bibi será libertada “imediatamente”.
A decisão sobre o último recurso de Asia Bibi estava marcada para o 8 de outubro, mas o tribunal tinha adiado a decisão por tempo indeterminado. O impasse provocou a fúria de alguns círculos religiosos que há muito pediam a sua execução.
Por essa razão, a capital do país, Islamabad, foi hoje colocada sob forte segurança, com bloqueio de estradas, nomeadamente nos bairros onde os magistrados vivem e da comunidade diplomática.
De acordo com o Guardian, membros do Tehreek-e-Labbaik, um novo partido político dedicado a punir a blasfémia, bloquearam estradas em Lahore e atiraram pedras na polícia após a decisão ter sido conhecida.
Asia Bibi, mãe de cinco filhos, foi acusada de blasfémia em 2009, após ter alegadamente insultado o profeta Maomé durante uma discussão com um grupo de mulheres com quem trabalhava.
Em novembro de 2010, um tribunal paquistanês decretou a pena capital, mas a sentença só foi confirmada quatro anos depois pelo Supremo Tribunal de Lahore, capital da província de Punjab, onde ocorreu o incidente.
Em 2011, o ex-governador de Punjab Salman Taseer, que defendia publicamente a causa de Asia Bibi, foi morto a tiro por um dos guarda-costas, Mumtaz Qadri, executado anos depois. O caso de Asia Bibi teve impacto internacional e chegou a atrair a atenção dos papas Bento XVI e Francisco.
A blasfémia é uma questão extremamente sensível no conservador Paquistão e mesmo acusações não provadas resultam muitas vezes em violência popular.
ZAP // Lusa