Alberto João Jardim “não passa deste mandato”

PSD Madeira / Flickr

Alberto João Jardim

Alberto João Jardim

Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim, que cumpre esta segunda-feira 36 anos de exercício de funções como presidente do Governo Regional da Madeira, assegura que pretende manter o plano de abandonar as funções e a liderança do PSD-M.

“Mas, agora, não passa deste mandato e não concorro mais à Direção do partido”, asseverou Jardim numa entrevista à agência Lusa.

O líder madeirense sublinha que o seu objetivo é sair da governação em janeiro de 2015, após a aclamação, em congresso, do novo presidente do PSD-Madeira, eleito nas eleições internas de dezembro deste ano.

“Espero que sim, a não ser que se crie uma situação do Presidente da República querer fazer eleições antecipadas por não aceitar, antes do fim do meu mandato, que é em outubro de 2015, outro presidente do Governo e, então, se o partido assim entender, não tenho outro remédio senão fazer até ao final o mandato”, reconhece.

Concorrência

Em vésperas de sair da vida governativa e após ter delineado o seu plano de retirada que tem merecido alguma resistência no interior do partido, existem quatro candidaturas assumidas à liderança do PSD-Madeira.

Até agora são candidatos à sucessão o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Albuquerque, que já o defrontou nas últimas directas, o ex-eurodeputado Sérgio Marques, o ex-vice-presidente do Governo Regional e seu par na Comissão Política Regional, Miguel de Sousa, e o secretário do Ambiente e Recursos Naturais, Manuel António Correia, que é a sua aposta para o suceder.

“Há pessoas que me perguntam se eu estou ou não magoado com isso [as críticas de que tem sido alvo por parte dos seus próprios companheiros de partido], eu respondo que não, pelo contrário, porque, com as atitudes ordinárias que eu vi por aí, eu sinto-me feliz por não ser igual a eles”, afirma.

Memórias

Recordando o seu dia 17 de março há 36 anos, diz: “Lembro-me, fui cortar o cabelo e, a seguir, fui tomar posse”.

Ao longo de quase quatro décadas o líder madeirense somou 46 vitórias eleitorais consecutivas dando sempre o “peito” pelos seus candidatos, facto que lhe mereceu inúmeras críticas por parte da oposição. “O mais difícil foi aturar o feitio complicado de algumas pessoas, muito influenciado pelo meio, que tem dois defeitos enormes – a bilhardice e a inveja”, afirma.

Há 36 anos, na tomada de posse, Jardim dizia que “a Madeira será o que os madeirenses quiserem”.

Volvido este tempo, o chefe do executivo regional adverte: “no dia em que os madeirenses caírem na asneira de se entregar nas mãos dos interesses que antes os humilharam e os exploraram, a Madeira está desgraçada, mas a culpa foi também dos madeirenses que aceitaram isso. Eu tenho sempre razão, a Madeira será aquilo que os madeirenses quiserem“.

Legado

Confrontado se os madeirenses não poderão estar “magoados” com a sua governação que levou a Madeira a uma dívida pública de 6,3 mil milhões de euros, o governante madeirense responde que “não havia outra solução”.

“A política é saber aproveitar as oportunidades no tempo certo e enquanto foi possível, porque havia massa financeira disponível, aproveitar as oportunidades, mesmo recorrendo a dívida pública, fez-se tudo o que se podia fazer”, declara, assegurando que “se não se tivesse feito, hoje não se podia fazer, hoje o madeirense não tinha a qualidade de vida que tem”.

Alberto João Jardim argumenta que “quando falta liquidez na banca, falta automaticamente também para quem faz uma política recorrendo à dívida pública” e, daí, quando foi assinado o Programa de Assistência Financeira a Portugal por parte do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia, o Governo Regional decidiu igualmente recorrer a um Programa de Assistência para “consolidar” as suas finanças.

“Tudo natural”, declara.

/Lusa

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