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Número de reformas é superior ao de novos médicos de família

O número de médicos de família que atingem a idade da reforma este ano é superior ao de recém-especialistas. Em causa está a potencial saída de 400 profissionais nos centros de saúde contra a entrada de apenas 351.

O número de médicos de família que atingem a idade da reforma este ano é superior ao número de recém-especialistas que estão a concorrer aos centros de saúde. Dados do Ministério da Saúde, divulgados esta quarta-feira, mostram que 351 candidatos responderam às 378 vagas, o que, segundo o Governo, permitirá atribuir médico de família a 500 mil utentes que estão ainda fora das listas.

No entanto, na edição desta quinta-feira, o Diário de Notícias avança que este é um cenário que pode piorar a curto prazo, dado que as projeções de aposentações para este ano apontam para 410 saídas dos cuidados de saúde primários. Em suma, está em causa a potencial saída de 400 profissionais contra a entrada de apenas 351.

Atualmente, há em Portugal 840 mil portugueses sem médico de família.

Mas para o ano a situação pode agravar-se ainda mais, já que 2019 promete trazer mais saídas de profissionais em idade de reforma. De acordo com o DN, está previsto um pico de 509 reformas de médicos de família com 66 ou mais anos, o que corresponde a 10% do total. Um fenómeno que, até 2026, o ano em que já só se devem aposentar cerca de 50 especialistas, pode originar a saída de mais de mil médicos do SNS.

O diário questionou o gabinete do ministro Adalberto Campos Fernandes sobre a diferença entre o volume de médicos que saem e os que entram no sistema e se mantém o mesmo objetivo de acabar a legislatura sem utentes foras das listas, mas não obteve resposta.

Mas Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, considera que essa meta pode ficar muito próxima, “se forem resolvidos os problemas em 10/15 unidades da região de Lisboa, essencialmente, e porque com o descongelamento das carreiras alguns dos médicos que até podiam sair podem esperar para subir de escalão”.

Só na região de Lisboa e Vale do Tejo existem 610 mil pessoas fora das listas dos médicos de famílias e mais de 20 centros de saúde têm mais utentes fora das listas do que com médico de família.

No entanto, é a região norte que deve perder mais especialistas para a reforma até ao final do próximo ano. E, de uma situação de cobertura quase total, podemos assistir a “dificuldades em zonas onde não existem agora, como no interior, onde é difícil colocar novos médicos”, refere o responsável.

Ao Diário de Notícias, o presidente da APMGF destaca ainda outro problema: o de Unidades de Saúde Familiar (USF) por construir. “A maior preocupação até é mesmo com as novas unidades que estão por criar. Devíamos chegar a mais de 800 e ainda não estamos nas 600, parámos a obra a meio. Mais do que médicos de família, os utentes deviam ter acesso a boas unidades de saúde e os médicos deviam ter condições para trabalhar.”

ZAP //

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