O Presidente de Angola, João Lourenço, continua a afastar-se das políticas do seu antecessor, anulando mais de 20 mil milhões de dólares de contratos adjudicados sem concurso público por José Eduardo dos Santos a elementos da sua família.
O jornal Expresso destaca que João Lourenço “dá sinais claros de rejeição da herança do seu antecessor assente num escandaloso esquema de corrupção, gestão danosa e favorecimento de negócios milionários aos familiares e servidores”.
A conclusão surge depois de o presidente de Angola ter anulado diversos contratos públicos atribuídos, por ajuste directo, a elementos da família de José Eduardo dos Santos, o anterior presidente angolano.
O Expresso refere que João Lourenço anulou a ligação da empresa estatal de comercialização de diamantes, Sodiam, à Odyssey, uma sociedade de Isabel dos Santos, a filha mais velha de José Eduardo dos Santos, que “tinha o direito de preferência de compra e venda de diamantes brutos”.
O novo Governo angolano decidiu também que a construção do Porto do Dande, que tinha sido adjudicada por ajuste directo a outra empresa de Isabel dos Santos, a Atlantic Ventures, vai ser realizada através de um concurso público internacional, como apurou o Expresso.
A empresária angolana, que é a mulher mais rica de África, perdeu igualmente os projectos do Plano Metropolitano de Luanda, avaliado em 615 milhões de dólares, e da Marginal da Corimba, avaliado em 15 mil milhões de dólares, também ganho por ajuste directo.
Isabel dos Santos afastada de obra de 3.874 milhões
O Presidente angolano excluiu ainda duas empresas, uma das quais associada a Isabel dos Santos, do consórcio encarregue da construção, por mais de 4.500 milhões de dólares, da barragem de Caculo Cabaça, que será a maior do país.
Com a “saída das empresas CGGC & Niara Holding Limitada e da Boreal Investment Ltd”, fica como “parte única” no contrato com o Estado angolano, e “respectivas prestações e responsabilidades”, a empresa China Ghezouba Group Company (CGGC), destaca a Lusa.
Uma notícia publicada em 2017 pelo portal de investigação angolano Makaangola, do jornalista Rafael Marques, referia que os sócios da CGGC & NIARA Holding Limitida são a sociedade 2I’S – Sociedade de Investimentos Industriais SA, “com sede no endereço de uma das residências privadas de Isabel dos Santos“, e a CGGC -Engenharia de Angola Lda., representada por Zhou Cheng, cada um com 50 por cento do capital.
“O endereço usado para o registo da 2I’S é o mesmo usado por Isabel dos Santos como seu endereço residencial em Luanda, no registo da Niara Holding SGPS, em 2013, na ilha da Madeira, em Portugal”, lê-se na notícia do portal Makaangola, que associa igualmente a Boreal Investment à empresa e filha do ex-Presidente angolano.
O Aproveitamento Hidroelétrico de Caculo Cabaça, comuna do município da Banga, na província do Cuanza Norte, será, dentro de cinco anos, a maior barragem em Angola, gerando 2.172 MegaWatts (MW) de electricidade.
Em Junho de 2015, a obra, avaliada em 3.874 milhões de euros, com financiamento do Banco Comercial e Industrial da China, foi entregue, sem concurso público, pelo então chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, ao consórcio CGGC & NIARA Holding Limitada.
José Filomeno (Zenú), outro filho de José Eduardo dos Santos, também perdeu contratos públicos por decisão de João Lourenço.
O presidente de Angola retirou à sua empresa Sompepa os direitos mineiros para exploração de ouro e anulou o contrato da construção do Porto de Cabinda, que tinha sido entregue à “empresa-fantasma” Caioporto, detida em 99,9% por um antigo sócio de Zenú.
ZAP // Lusa
Vai buscar, barrasca!
Não que defenda o anterior, mas esperemos que não seja uma mera mudança de “cheiro”…..
Seria uma grande lição, especialmente para a tugalandia.