Um jogo de cintura para fugir às taxas alfandegárias impostas pela UE. A Harley-Davidson estima que as tarifas impostas prejudiquem o seu negócio, traduzindo-se num custo adicional de 2.200 dólares, cerca de 1.884 euros, por cada mota exportada. Assim, vai transferir parte da produção para a Europa.
Esta segunda-feira, a famosa fabricante de motas Harley-Davidson anunciou que vai transferir parte da sua produção dos Estados Unidos para outros países, a fim de evitar as tarifas impostas pela União Europeia, ma disputa entre a Casa Branca e a Europa que está a ameaçar as vendas internacionais da empresa.
Em retaliação às tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio, a União Europeia impôs tarifas este mês a uma longa lista de exportações americanas politicamente sensíveis, incluindo motociclos. A empresa estima que esta nova taxa irá custar-lhe entre 90 a 100 milhões de dólares por ano, cerca de 77 a 86 milhões de euros.
Num comunicado, a Harley-Davidson, sediada em Wisconsin, informou ao regulador que a tarifa de 25% irá traduzir-se num custo adicional de 2.200 dólares por cada mota exportada dos Estados Unidos para a União Europeia, que a empresa não quer refletir no preço final a pagar pelo consumidor, avança o Jornal de Negócios.
Até ao final deste ano, o impacto das tarifas nas contas da fabricante será de 30 a 45 milhões de dólares. Segundo a Slate, a tarifas sobre as motas aumentaram de 6% para 31%. Para contornar este problema, a empresa irá transferir parte da sua produção para a Europa nos próximos 9 a 18 meses.
“A Harley-Davidson acredita que o tremendo aumento dos custos, se passado para os revendedores e clientes de retalho, terá um impacto negativo, imediato e duradouro, no negócio nessa região”, refere a empresa, no comunicado citado pela Reuters.
A Europa é o segundo maior mercado da empresa. No ano passado, a Harley-Davidson vendeu quase 40 mil motas na Europa, que representaram 14% das vendas totais.
Ainda assim, a fabricante de motas tem feito muitos esforços para aumentar as suas vendas no exterior, para evoluir dos atuais 43% do volume total para 50%. Depois de as suas vendas para o exterior terem caído para o valor mais baixo dos últimos seis anos, a empresa anunciou o encerramento da sua unidade de produção em Kansas City, Missouri.
A Harley-Davidson não adiantou, porém, se os seus funcionários vão perder o seu emprego. No entanto, quer a transferência leve a cortes de empregos ou não, a “icónica marca americana movimenta a fabricação no exterior” não é o tipo de manchete que o Governo de Trump espera que as suas agressivas táticas comerciais gerem.
Harley-Davidson rendeu-se à Europa, acusa Trump
Também esta segunda-feira, o Presidente norte-americano pronunciou-se sobre este assunto, criticando a decisão da fabricante Harley-Davidson de transferir uma parte da sua produção para a Europa, avançou a Renascença.
“Surpreendido”, Donald Trump acusa a empresa que é um dos símbolos dos Estados Unidos de ter sido a primeira “a acenar com a Bandeira Branca“. “Eu lutei arduamente por eles e, no final de contas, não vão pagar tarifas na União Europeia”, disse no Twitter.
“As tarifas são apenas uma desculpa para a Harley. Tenham paciência.”
Essa fábrica da Harley que irá fechar é o 5º maior empregador de Kansas City. Com esta deslocalização, 637 empregados irão para o olho da rua! De facto, o Trump é um líder genial!!!
A ironia é que é quase garantido que a maioria desses 637 empregados votaram Trump! Não podia ter corrido melhor!