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Metade das crianças não sabe saltar à corda (nem onde fica Portugal)

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Quase metade dos alunos do 2.º ano do 1º ciclo não consegue saltar à corda, segundo um relatório do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) sobre as provas de aferição.

Segundo revela o Jornal de Notícias esta terça-feira, 46% dos alunos do 2.º ano – crianças com idades compreendidas entre os 7 e 8 anos – que realizaram a prova de aferição de expressões físico-motoras no ano passado, não foram capazes de dar seis saltos consecutivos no salto à corda.

40% não conseguiu dar uma cambalhota para a frente, mantendo a direção e levantando-se com os pés juntos. 31% dos alunos revelaram ainda dificuldades em participar num jogo infantil em grupo.

Para o presidente da Confederação Nacional das Associações de Professores e Profissionais de Educação Física (CNA-PEF), Avelino Azevedo, “os resultados reforçam a ideia de que a Educação Física não é dada no 1.º ciclo como devia”.

Em declarações ao JN, o dirigente defendeu que a disciplina deve ser lecionada pelo professor titular da turma em conjunto com um docente de Educação Física, num modelo de coadjuvação para o 1.º ciclo.

Problema na aplicação de conteúdos

Os relatório revela também dados sobre a outras disciplinas e anos de escolaridade. Nos cerca de 90 mil alunos que realizaram provas de aferição de História e Geografia do 2.º ciclo, cerca de 45% dos alunos não conseguiram localizar Portugal continental em relação à Europa, utilizando os pontos colaterais da rosa-dos-ventos.

Utilizando os pontos cardeais, acrescenta o relatório, apenas 45% dos estudantes localizaram corretamente “o continente europeu em relação ao continente asiático, o continente africano em relação ao continente europeu e Portugal continental em relação ao continente americano”, segundo noticia o Diário de Notícias.

Hélder de Sousa, presidente do IAVE e responsável pelas provas, considera que os dados não são surpreendentes. Mesmo tratando-se da primeira prova externa que, de forma universal, analisou os conhecimentos de Geografia entre os alunos de 10 e 11 anos.

“Sendo Portugal na Europa, parece de facto ter um grande impacto“, reconhece. “Mas, visto no âmbito do uso da cartografia em termos gerais é um problema já antigo“, revelou em declarações ao DN.

Para o presidente do IAVE o problema não está no conhecimento dos conteúdos apreendidos, mas na capacidade de os aplicar quando não se trata apenas de repetir factos memorizados.

“Em alguns relatórios, na análise que se faz da Geografia do ensino secundário, uma das coisas um pouco anacrónicas é a dificuldade que os alunos têm em utilizar a informação cartográfica, quando a Geografia é a área em que, por excelência, estas áreas deviam estar mais consolidadas”, ilustrou.

Hélder de Sousa sublinha ainda que as provas de aferição dão origem a relatórios “aluno a aluno e, sobretudo escola a escola, tendo em vista a melhoria de processos”, mas admite que pode haver um denominador comum, relacionado com a tradição de “perder muito tempo a explicar a matéria e não dar atenção aos processos“.

O presidente do IAVE defendeu ainda que estas conclusões “obrigam-nos a repensar no processo que temos em termos de sala de aula”, num “processo interativo entre a atitude dos professores e dos alunos”.

Estes são alguns dos dados do relatório do IAVE sobre as provas de aferição, que revela algumas das principais dificuldades dos alunos em disciplinas com Geografia, Português ou Matemática.

ZAP //

18 Comments

    • Sim pontos colaterais!
      NE-Nordeste NW-Noroeste, etc.
      A rosa dos ventos não tem só pontos cardeais. Tem também colaterias e subcolaterais ou intermédios.

      • E era o melhor aluno. O ensino público só me atrasou. Só de exemplo consegui ter anos seguidos com a disciplina de história, sem que fosse abordada a história dos romanos que foram quase 2000 anos de história da Europa, ou a 2ª guerra mundial.
        Mas andar a saber o que era o cubismo, ui isso estava lá tudo

      • Eras o melhor aluno, eras. E cubismo… sabes muito Quim. O ensino público só me atrasou… Enfim, só pérolas vindas dessa tua cabeça de génio. O sistema oprimiu-te e tu querias era Roma e a world war II! Até essa construção gramatical revela bem a tua genialidade “só de exemplo consegui ter anos seguidos com a disciplina de história…” Eu nessa altura tive anos seguidos com a Mafalda, a doce Mafalda, minha colega de turma e de outras aventuras. Mas isso era eu que pouco apreendi e fiquei assim um pouco para o bruto. Mas tu, Quim… tu é que sabes!

  1. Cada vez vejo mais crianças agarradas a telemóveis e também cada vez mais pequenas, que não fazem muito mais que isso nos tempos livres. Pois bem, não creio que a culpa seja delas, mas sim de quem lhes permite isso.
    As tecnologias digitais são algo de muito positivo e recomenda-se mas, como em tudo na vida, devem ser usadas com moderação.
    Para um bom desenvolvimento da criança, do jovem, faz falta o ar livre, as actividades de grupo, os hobbies…etc.
    Infelizmente a nossa sociedade está a criar “autómatos”.

  2. É o eterno problema entre o 8 e o 80. No meu tempo era preciso decorar rios,linhas dos combóios e mais tarde no liceu até o aparelho respiratório da mosca… Agra temos esta analfabetice pegada de que não nos livraremos e cada vez pior,já que os smartphones é que comandam tudo…

  3. E por este caminhar possivelmente dentro de alguns anos nem sequer saberão onde fica a escola, nada mal para tanta evolução!.

    • para que querem saber onde fica a escola?
      ligam o GPS do telemovel, rsssss
      realmente o ensino por um lado foi facilitado aos jovens, por outro lado criamos “burros”
      nso anos 60 tinhamos que saber tanta coisa quase tinhamos um curso superior EM RELAÇAO AO QUE APRENDEM AGORA
      nos anos 90, os alunos do chamado 1º ciclo (1ª a 4ª classe) nao tinha que saber a chamada prova real e prova dos nove (disse um professora que para os alunos saberem se a conta estava errada ou nao, usavam a calculadora)
      mas alguns alunos se perguntarem aos pais, alguns nem sabem responder pois alguns foram passando porque tinham que os passar de ano e assim vao de ano em ano (alguns ate sao deputados, rssss)

      • “[N]os anos 90, os alunos do chamado 1º ciclo (1ª a 4ª classe) n[ã]o tinha[m] que [“de”, Zé das Iscas, “de”. “Ter que” tem sentido de posse e não de obrigação, mas não vim aqui dar-lhe uma lição de gramática] saber a chamada prova real e prova dos nove (disse um[a] professora que para os alunos saberem se a conta estava errada ou n[ã]o, usavam a calculadora)[.]”

        Isso é mentira, Zé das Iscas, ou, pelo menos, essa professora andava (anda?) mal informada – ou leccionava (lecciona?) numa escola pouco exigente (não que a minha fosse muito exigente).

        Fui aluna da 1ª à 4ª classe (sim, ainda se chamava assim na primeira metade dos anos 90), entre 1991 e 1995, e não só aprendi a prova real e a dos nove, como nos era absolutamente proibido o uso da calculadora (eu comprei a minha primeira calculadora no 7º ou 8º ano, quando tive, pela primeira vez, a disciplina de Físico-Química – é obrigatório o uso de calculadora nessa disciplina). Além disso, perto do final de cada aula, tínhamos sessões nas quais a professora, aleatoriamente, punha à prova os nossos conhecimentos da tabuada. E não, não era cantar a tabuada. Era: “‘Manel’, 7×8?”; “‘Joana’, 8×4?”. E tínhamos de responder na hora, com a agravante de perdermos preciosos minutos de recreio por cada resposta errada. Não generalizemos, está bem?

        P.S.: Quanto às minhas correcções, não sou professora de Língua Portuguesa, nem me especializei nessa área (longe disso). Sou apenas uma pessoa bem formada pelo ensino público português 🙂

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