Os dados de frequência cardíaca registados por um Apple Watch foram usados pela polícia da cidade de Adelaide, na Austrália, numa investigação de homicídio.
A vítima, Myrna Nilsson, 57 anos, foi morta violentamente pela própria nora, Caroline, de 26 anos de idade. As informações registadas no relógio inteligente da vítima levaram as autoridades a encontrar brechas no depoimento da jovem, que, em conjunto com outros indícios, levaram à acusação.
O caso aconteceu em 2016. A polícia encontrou o corpo sem vida de Nilsson na lavandaria da própria casa, espancada e presa com fita adesiva a uma cadeira. As autoridades foram contactadas depois de Caroline, também amarrada e amordaçada, ter pedido ajuda a um vizinho.
De acordo com o depoimento da nora, a vítima teria sido atacada por um grupo de homens após uma discussão de trânsito, que teriam invadido a casa da família, roubado objectos.
Os alegados assaltantes teriam então espancado a vítima ao perceberem que teria tentado enviar mensagens de texto para o telemóvel do filho, que estava a trabalhar. No SMS recebido pelo filho, Nilsson pedia ajuda e dizia que a casa estava a ser assaltada por estranhos.
No decorrer da investigação, no entanto, especialistas forenses da cidade analisaram os dados disponíveis no Apple Watch da vítima e encontraram inconsistências em relação ao depoimento original da sua nora.
Caroline afirmava que a sogra teria discutido durante cerca de 20 minutos com os agressores antes de ser espancada. O relógio de Nilsson, porém, indicava um aumento na frequência cardíaca, seguido de um período de menor actividade e, então, o fim dos batimentos, etapas que se desenrolaram ao longo de cerca de sete minutos.
Para os investigadores, este é o padrão típico de uma emboscada, quando a vítima não está à espera do ataque. O aumento na frequência dos batimentos cardíacos indica o momento em que os golpes começaram, enquanto a diminuição na frequência é consistente com a perda de consistência e, finalmente, a morte.
Além disso, tudo se desenrolou entre as 18h38 e 18h45, o que dá Myrna como estando já morta no momento em os SMS recebidos pelo filho foram enviadas, às 19h13.
Juntando tais informações a outras inconsistências no relato de Caroline, colhidas em diferentes etapas do processo, a justiça australiana decretou a prisão da jovem e indiciou-a pelo assassinato da sogra.
A conclusão da polícia é que a história contada pela criminosa é falsa e que Caroline se terá amarrado e amordaçado a si própria, numa tentativa de provar a sua inocência.
A jovem, que se encontra detida, foi acusada formalmente do crime, que terá sido causado por desavenças e discussões constantes. Aguarda o julgamento, marcado para junho, e viu o seu pedido de liberdade sob fiança negado, precisamente devido à sua tentativa de encobrir um tão violento acto.