O ex-Presidente francês, acusado de aceitar financiamento ilegal da Líbia para a campanha eleitoral de 2007, vai recorrer da medida imposta pelos juízes de Paris que o impedem de contactar nove pessoas envolvidas no mesmo caso.
A medida foi imposta ontem pelo Ministério Público que decidiu que Nicolas Sarkozy fica impedido de contactar com nove pessoas igualmente envolvidas no processo, duas das quais são ex-ministros e próximos do ex-Presidente francês. Os envolvidos ficam também impedidos de se deslocarem à Líbia, Egito, Tunísia e África do Sul.
O ex-chefe de Estado considerou que as acusações sobre o financiamento ilegal da campanha às presidenciais em 2007 com dinheiro alegadamente fornecido por Muhamar Kadafi, constituem uma vingança do clã do ex-ditador líbio pela intervenção internacional contra o país.
O processo judicial teve origem num documento líbio, publicado em maio de 2012 no site de informação Médiapart, no qual é revelado que o ex-chefe de Estado francês teria recebido dinheiro do antigo líder líbio Muammar Kadafi.
Em novembro de 2016, o empresário e intermediário Ziad Takieddine afirmou ter recebido cinco milhões de euros em dinheiro, entre o final de 2006 e início de 2007, de Tripoli para Paris, que entregou a Claude Géant e Sarkozy.
A Justiça francesa recuperou a agenda do ministro do Petróleo de Kadafi, Choukri Ghanem, que morreu em 2012 em circunstâncias pouco claras, onde os pagamentos de dinheiro a Sarkozy eram mencionados.
Um ex-colaborador do líder líbio que estava encarregue das relações com França, Bechir Saleh, também garantiu ao Le Monde que Kadafi disse que “havia financiado Sarkozy”.
O ex-Presidente francês, detido na passada terça-feira, sempre negou as acusações e diz estar a ser vítima de “manipulação” e que além das declarações do “clã Kadafi” não existem nenhumas provas materiais.
Segundo o jornal Le Figaro, o argumento de Sarkozy foi transmitido aos juízes que o interrogaram durante 20 horas, na quarta-feira, na sede da Polícia Judiciária de Nanterre, nos arredores de Paris. “Desde 11 de março de 2011, vivo o inferno desta calúnia“, disse Sarkozy.
ZAP // Lusa