Sarkozy indiciado em caso sobre suspeitas de financiamento líbio

Moritz Hager / swiss-image.ch / World Economic Forum

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy

O antigo Presidente francês foi, esta quarta-feira, indiciado no âmbito da investigação sobre suspeitas de financiamento líbio na sua campanha para a eleição presidencial de 2007, segundo fontes judiciais.

Nicolas Sarkozy está indiciado pelos crimes de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e encobrimento de fundos públicos da Líbia, tendo sido colocado sob controlo judiciário, disse fonte judicial, citada pela agência France Press.

O antigo Presidente da França esteve a ser ouvido durante cerca de 25 horas pelos investigadores, que o interrogaram na sede da Polícia Judiciária de Nanterre, nos arredores de Paris.

O processo judicial teve origem num documento líbio, publicado em maio de 2012 no site de informação Médiapart, no qual é revelado que o ex-chefe de Estado francês teria recebido dinheiro do antigo líder líbio Muammar Kadafi.

Em novembro de 2016, o empresário e intermediário Ziad Takieddine afirmou ter recebido cinco milhões de euros em dinheiro, entre o final de 2006 e início de 2007, de Tripoli para Paris, que entregou a Claude Géant e Nicolas Sarkozy.

A Justiça francesa recuperou a agenda do ministro do Petróleo de Kadafi, Choukri Ghanem, que morreu em 2012 em circunstâncias pouco claras, onde os pagamentos de dinheiro a Sarkozy eram mencionados.

Um ex-colaborador do líder líbio que estava encarregue das relações com França, Bechir Saleh, também garantiu ao Le Monde que Kadafi disse que “havia financiado Sarkozy”.

O ex-Presidente francês, detido na passada terça-feira, sempre negou as acusações, classificando-as de “manipulação e crueldade” e disse aos juízes que estava a viver um “inferno da calúnia”, segundo a declaração reproduzida no site do Le Figaro.

“Desde 11 de março de 2011, vivo o inferno desta calúnia“, disse Sarkozy, que também denunciou a falta de “provas materiais” nas acusações contra si.

Sarkozy disse que foi “acusado sem qualquer evidência material” pelas declarações do ex-ditador líbio e seus parentes, bem como pelo franco-libanês Ziad Takieddine.

“Tem sido provado em muitas ocasiões que ele (Ziad Takieddine) recebeu dinheiro do Estado líbio”, disse Sarkozy. E acrescenta: “sobre o senhor Takieddine, gostaria de lembrar que ele não prova, nesse período de 2005-2011, qualquer encontro comigo”.

“Durante as 24 horas da minha custódia, eu tentei com toda a força da convicção que é a minha mostrar que as indicações sérias e concordantes que são a condição da acusação não existiam tendo em conta a fragilidade do documento que foi objeto de um inquérito judicial e as características altamente suspeitas do passado altamente carregado do senhor Takieddine”.

“Os factos de que sou suspeito são sérios, eu estou ciente disso, mas, como eu continuo a defender com toda a convicção, se é uma manipulação do ditador Kadhafi ou dos seus seguidores (…) então eu peço aos magistrados que meçam a profundidade, a gravidade e a violência da injustiça que seria cometida contra mim”, acrescentou.

ZAP // Lusa

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