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Detetado o primeiro jato de uma jovem e massiva estrela para lá da Via Láctea

Yin-Chih Trai / ASIAA

Impressão de artista que mostra um disco de acreção alimentando uma protoestrela central e jatos que aí são produzidos.

Numa descoberta astronómica significativa, uma cientista da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, fez a primeira deteção de um jato de uma estrela muito jovem e massiva numa galáxia para lá da nossa.

A Dra. Anna McLeod, da Faculdade de Ciências Físicas e Químicas da Universidade de Canterbury, Nova Zelândia, diz que esta descoberta impulsionará um avanço significativo no campo da formação estelar.

“Também fornece pistas adicionais sobre uma das maiores questões da astronomia moderna: como é que as estrelas massivas se formam?” afirma a Dra. McLeod.

“As estrelas massivas são muito importantes porque regulam a formação de novas gerações de estrelas, bem como a evolução de galáxias inteiras. A nossa descoberta captou uma estrela massiva enquanto se formava e lança luz sobre o mecanismo de formação”.

A Dra. McLeod é a autora principal do novo artigo sobre a descoberta, juntamente com coautores na Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, publicado a semana passada na revista Nature.

Os cientistas dizem que o jato abrange cerca de 36 anos-luz (ou 11 parsecs), o que o torna num dos maiores jatos do seu tipo já encontrados. A estrela que alimenta o jato parece ter 12 vezes a massa do nosso Sol.

Os dados usados para este trabalho foram obtidos com o VLT (Very Large Telescope) no Deserto do Atacama no Chile, que está entre os maiores telescópios óticos do mundo e é um dos telescópios mais competitivos no que toca a obter o precioso tempo de observação.

“A descoberta é muito importante pois abre novas portas no campo. Como um bónus adicional, também vem com um conjunto de dados muito rico e imagens deslumbrantes de uma região de formação estelar na nossa galáxia vizinha, a Grande Nuvem de Magalhães”, comenta a Dra. McLeod.

A cientista explica que embora tenhamos um bom conhecimento de como as estrelas parecidas com o Sol se formam, este não é o caso para estrelas com massas acima das 8 massas solares, “nomeadamente aquelas estrelas tão importantes na regulação da formação de galáxias inteiras”.

No artigo, a Dra. McLeod apresenta evidências convincentes de que as estrelas de elevada massa se formam de maneira semelhante às estrelas parecidas com o Sol.

“Detetámos uma estrela massiva muito jovem e ainda em formação – um chamado objeto estelar jovem – que está a lançar um jato bipolar. O jato é evidência direta para o que chamamos de disco de acreção – um disco em redor do equador da estrela através do qual a estrela recolhe matéria e cresce, que é o que vemos em estrelas de baixa massa”.

Esta é uma descoberta importante por várias razões. Para começar, contém evidências diretas de um cenário de formação mediado por acreção para estrelas massivas, o que significa que temos evidências de que as estelas massivas até 12 vezes a massa do Sol se formam do mesmo modo que estrelas de baixa massa.

Além disso, este é também o primeiro jato de um enorme e jovem objeto estelar detetado fora da nossa própria Galáxia. Na Via Láctea, a maioria dos objetos estelares jovens e massivos com jatos são invisíveis aos telescópios óticos porque estão profundamente embebidos no seu material natal que os protege da nossa visão. No entanto, neste caso, tanto o jato como a estrela são observáveis no visível, proporcionando uma visão sem precedentes, pelo que este é o primeiro jato de um objeto estelar jovem e massivo observado no visível.

O comprimento total do jato totaliza 11 parsecs, um dos jatos mais longos já observados até à data.

A forma como o jato foi identificado é única, porque só é possível com o tipo de instrumento usado para obter estes dados (o instrumento MUSE no VLT) – instrumentos regulares não teriam detetado o jato (o VLT consegue detetar objetos cerca de 4 mil milhões de vezes mais ténues do que o olho humano consegue detetar).

// CCVAlg

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