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Afinal, a vida nasceu sem H2O: Resolvido o “paradoxo da água”

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Afinal, a vida nasceu sem H2O. Uma equipa de investigadores assinala outro composto como caldo de cultura original para o aparecimento da vida.

Os inúmeros cientistas que há décadas tentam entender as origens da vida na Terra tropeçam num paradoxo: a água é indispensável a todas as formas de vida que há, mas impede a formação de cadeias de polímeros de ácido nucleico, como o ARN.

Como possível solução para este paradoxo, um grupo de investigadores sugere agora que a vida nasceu num meio diferente e só depois se adaptou à água, de acordo com um estudo publicado no início de janeiro na Scientific Reports.

A equipa internacional estima que a principal alternativa tenha sido a formamida, um líquido claro composto por hidrogénio, oxigénio, carbono e nitrogénio que, não apenas facilita a formação de enlaces poliméricos, como reage a outras moléculas e permite formar os compostos necessários para os ácidos nucleicos.

Presentemente, o nosso planeta não tem formamida suficiente para permitir a aparição de vida e, ainda que uma parte possa vir de cometas e meteoritos, teriam que ser dadas as condições necessárias em algumas zonas para que se formassem os precursores da vida.

No estudo, os investigadores explicam que irradiaram com raios-gama cianeto de hidrogénio e acetonitrilo – dois compostos químicos presentes na Terra quando ainda jovem – e um dos produtos principais que obtiveram foi a amida procedente do ácido fórmico.

“Estamos fascinados com a possibilidade de que a vida baseada em água possa afinal ter nascido sem água“, disse à Phys.org o autor principal do estudo, Zachary Adam, investigador da Universidade de Harvard.

A formamida não existe no espaço, o que até agora levou os cientistas a postular que deverá ter chegado à Terra em corpos celestes, como meteoros ou comentas. Mas essa possibilidade nunca poderia ter produzido as enormes quantidades de formamida que seriam necessárias ao aparecimento dos percursores da vida.

No entanto, segundo os autores do novo estudo, depósitos de minerais radioativos poderiam ter servido como fonte de radiação para produzir formamida em quantidades muito superiores às que qualquer corpo celeste poderia trazido – e suficientes para que a vida baseada em formamida aparecesse.

“O nosso estudo demonstra que a formamida poderia ter sido produzida em abundância pela radiação presente em algumas bolsas localizadas, nos primórdios da Terra”, diz Masashi Aono, investigador de Tokyo Institute of Technology e co-autor do estudo.

Actualmente, apenas se conhece uma região com evidências de concentrações de urânio na Terra ancestral semelhantes às referidas por Aono: a região de Oklo, no Gabão.

“Se há 4 mil milhões de anos atrás a Terra tiver tido bolsas de minerais radioactivos semelhantes a esta, estariam reunidas todas as condições para o aparecimento de vida baseada em formamida”, concluem os autores do estudo.

Um paradoxo resolvido, com uma resposta que deixa mais questões por resolver – como muitas vezes acontece quando a ciência cumpre o seu papel.

ZAP // Phys.org

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4 Comments

    • E ainda dizem que crer na criação de Deus é ter fé cega! Crer no surgimento de vida, fruto da combinação aleatória de substâncias químicas, de forma a criar estruturas tão complexas como o nosso DNA, as células e sobretudo a capacidade de se replicarem de forma autónoma, e ainda acreditarem que essas estruturas conseguem evoluir por si (com total desprezo da teoria da entropia), isso é que é fé! Aliás não é fé, é “fezada”!!

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