Esta segunda-feira, Papa Francisco pediu desculpa às vítimas por ter usado uma expressão menos feliz ao exigir que apresentem provas de que o bispo chileno Juan Barros encobriu um sacerdote condenado por abusos sexuais.
Durante a sua visita ao Chile, o Papa defendeu Juan de la Cruz Barros, o bispo de Osorno, nomeado em janeiro de 2015, ao referir que as acusações de que este encobriu os abusos sexuais a menores cometidos pelo sacerdote Fernando Karadima “são calúnias”.
“No dia em que trouxerem uma prova contra o bispo Barros, eu falarei”, declarou o pontífice aos jornalistas no Chile, adiantando que “não há uma única prova, tudo é calúnia”. A sua declaração recebeu várias críticas por parte das vítimas de abusos sexuais.
As declarações do Papa no Chile foram também criticadas pelo cardeal Sean O´Malley, arcebispo de Boston e presidente da Comissão Pontifícia para a tutela dos Menores, que disse ser compreensível que a frase do Papa Francisco pudesse ser vista como fonte de dor para os que foram vítimas de abuso sexual.
Vários chilenos estão ainda descontentes com a decisão de Francisco, tomada em 2015, de nomear um bispo próximo do reverendo Fernando Karadima, que o Vaticano considerou culpado, em 2011, de abusar sexualmente de dezenas de menores ao longo de décadas.
A visita de Francisco ao Chile fez reviver o escândalo dos sacerdotes que abusaram de crianças, tendo a organização Bishop Accountability publicado uma lista de 80 clérigos acusados de abusos sexuais de menores no país sul-americano.
Esta segunda-feira, durante o seu regresso a Roma, o Papa Francisco reiterou o direito de Barros à inocência até que seja provado o contrário ao responder a perguntas dos meios de comunicação social que o acompanham. No entanto, o pontífice argentino pediu desculpa às vítimas por ter usado a palavra “provas”, e por as ter magoado.
“Magoei involuntariamente e isso magoou-me muito. Sei o quanto eles sofrem ao ter o papa a dizer-lhes que é preciso uma prova. Percebi que a minha expressão não foi feliz, porque não pensei nisso”, admitiu, pedindo desculpa às vítimas.
O caso do bispo Barros, adiantou, fez com que se estudasse e investigasse, mas até ao momento não há provas de culpa. Enquanto não existirem, disse, será aplicado o principio de qualquer tribunal: “ninguém é culpado até prova em contrário”. Além disso, argumentou que, se alguém é acusado sem provas e com pertinência, é uma calúnia.
ZAP // Lusa