Os telemóveis vão ser oficialmente proibidos nas escolas francesas, já no arranque do próximo ano letivo. A medida consta do programa de educação do governo de Emmanuel Macron.
Esta medida era uma das promessas eleitorais de Emmanuel Macron e o ministro da Educação, Jean Michel Blanquer, confirmou esta semana a intenção de proibir o uso de telemóveis nas salas de aula francesas, já a partir do próximo ano letivo.
Para além de não poderem utilizar telemóveis na sala de aula, os alunos entre os seis e os 15 anos estarão também impedidos de usar estes aparelhos durante os intervalos e pausas para almoço.
Numa entrevista ao jornal Libération, Blanquer afirmou que estão a trabalhar nesta medida, salientando que em algumas instituições francesas, os telemóveis são já proibidos. “Há escolas particulares que o fazem sem problemas.”
A medida entrará em vigor no próximo ano letivo. No entanto, ainda não se sabe como irá funcionar esta nova regra. Aos alunos, serão disponibilizados cacifos próprios para guardarem os telemóveis, com a salvaguarda de que poderão ser utilizados em situações particulares, como em casos de emergência ou até fins educacionais.
O objetivo é promover um melhor ambiente escolar e melhorar, sobretudo, as condições de saúde das crianças francesas. Blanquer considera que o uso de smartphones não é saudável e que “crianças com menos de sete anos não deviam estar em frente a ecrãs”.
Mais pedagogia, menos repressão
De acordo com a RFI, Denis Adam, secretário nacional do setor da Educação da União dos Sindicatos Autónomos franceses (Unsa), considera que os alunos encontram formas disfarçadas para usar o telemóvel dentro da sala de aula.
Para o secretário, proibir o uso desta tecnologia nas escolas não é a melhor solução. “Primeiro, porque não vejo como é que um professor vai conseguir verificar se cada aluno não está, de facto, a utilizar o telemóvel. E, segundo, este é um fenómeno alargado a toda a sociedade. Acho mais pertinente acompanhá-lo de perto do que proibi-lo”, explica.
A presidente da Associação de Pais e Alunos FCPE, Liliana Moyano, é da mesma opinião e diz ser importante ouvir e compreender os alunos. Além disso, “precisamos de pedagogia e ter em consideração que os telemóveis são também ferramentas de comunicação e pesquisa”, refere.
Moyano diz ainda que a medida não irá ser respeitada se não passar apenas de uma proibição: “É importante que as crianças e sobretudo os adolescentes compreendam o motivo desta medida e que é implementada em prol do sucesso na sua aprendizagem”.
Os pais e encarregados de educação estão, também, preocupados com esta decisão. Questões como roubos e situações de emergência são as questões mais levantadas pelos educadores.
“Devido à passagem da tempestade Ana, vários pais tiveram que vir buscar os filhos mais cedo. Isso só aconteceu porque as crianças puderam avisar os pais por telemóvel. As escolas, sozinhas, não conseguiriam fazê-lo tão rapidamente como foi necessário naquele momento”, reforça o sindicalista Denis Adam.
Proibir traz benefícios
A médica Anne-Lise Ducanda está feliz com a medida do governo francês. A especialista em proteção maternal e infantil não tem dúvidas de que esta proibição só trará benefícios.
“Mesmo que já sejam proibidos nas salas de aula, as crianças utilizam livremente smartphones nos intervalos. Veem vídeos violentos de acidentes e têm até acesso a pornografia. É impossível haver um adulto que consiga controlar todos os telemóveis, de todos os alunos, ao mesmo tempo”, afirma.
Ducanda, que integra o Collectif Surexpositions Ecrans, lembra à RFI que as crianças francesas têm cada vez mais acesso (e cada vez mais facilitado) a smartphones e tablets.
“Os pais compram telemóveis para os filhos para que não sejam socialmente isolados da maioria dos alunos da escola. O que é contraditório, porque as crianças acabam por se isolar ao utilizar, sem qualquer tipo de controlo, as redes sociais do momento, como o Facebook, o Snapchat e o Instagram“, explica.
Óptima ideia e uma boa forma de repescar a juventude para a vida real pois mais parecem robôs actualmente sem se aperceberem sequer do que se passa à sua volta.
“Mesmo que já sejam proibidos nas salas de aula, as crianças utilizam livremente smartphones nos intervalos. Veem vídeos violentos de acidentes e têm até acesso a pornografia. É impossível haver um adulto que consiga controlar todos os telemóveis, de todos os alunos, ao mesmo tempo”, afirma.
A escola não serve para educar serve para ensinar. O problema está nos pais que deixam os filhos terem e levarem smartphones para a escola. No meu tempo não havia telemóveis. Alguma necessidade de contacto vão à secretaria e peçam para contactarem os pais.
É evidente que se trata de uma questão de educação e, como diz Zabist, o problema está nos pais… Mas se já não se pode contar com eles para esse efeito, que seja a Escola a fazer alguma coisa. Como se sabe, a força da ANTI-ESCOLA tornou-se a locomotiva da decadência a que assistimos. As tecnologias da comunicação fazem parte da engrenagem, servindo, paradoxalmente, para que não se comunique verdadeiramente.
Sabemos, porém, que qualquer tentativa de solução encontra pela frente opositores, mesmo aqueles que têm o dever de estar do mesmo lado, como a Presidente da Associação de Pais e Alunos – Liliana Moyano – que se atreve a dizer «ser importante ouvir e compreender o alunos», quando o que está em causa é os alunos não ouvirem nem desejarem compreender quem tem a missão de os ensinar/orientar. Será que Moyano é dona de alguma marca de telemóveis ou lá tem alguma quota?
Não é com esse tipo de tecnologia que as crianças e os jovens se farão gente por inteiro. A tecnologia enquanto instrumental de trabalho faz sentido. Mas o que está a acontecer é que essa mesma tecnologia está a criar um mundo de alienados. E já que as populações, de modo geral, não ligam ao fenómeno, com intenção preventiva/curativa, que sejam os governos a fazê-lo. De contrário, não demorará muito a fazermos parte de uma humanidade sem alma, sem sentimentos, como parece já estar a acontecer.
Só desejo que Portugal saiba copiar bem esta óptima medida.