Primeiro-ministro demissionário libanês acolhido em França

Dalati Nohra / EPA

O primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri

O primeiro-ministro demissionário libanês, que chegou este sábado a Paris procedente da Arábia Saudita, vai regressar ao Líbano na próxima quarta-feira para participar na festa nacional, informou a Agência Nacional de Notícias.

Saad Hariri, que se demitiu no passado dia 4 a partir de Riade, na Arábia Saudita, mergulhando o Líbano numa crise política, informou o presidente da República, Michel Aoun, que estará presente na Festa da Independência, que se realiza na quarta-feira.

A ANN pormenorizou que Hariri quando chegou a Paris, acompanhado pela mulher e por um dos seus filhos, telefonou ao Presidente libanês, Michel Aoun, para o informar de que regressaria ao Líbano a partir de França.

Este foi o primeiro contacto, desde que se demitiu, entre Hariri e Aoun, que exigiu reiteradamente ao primeiro-ministro que regresse ao Líbano para apresentar a renúncia, que ainda não foi aceite pelo chefe de Estado.

Aoun acusou a Arábia Saudita de manter Hariri retido contra a sua vontade em Riade, afirmação que foi desmentida com a viagem do chefe de Governo a Paris, duas semanas depois de se ter demitido.

Hariri encontrou-se hoje na sua casa em Paris com o ministro do Interior libanês, Nuhad Machnuk, e com o seu conselheiro e chefe pessoal, Nader Hariri, que viajaram na noite passada para a capital francesa para se reunirem com o primeiro-ministro demissionário, informaram meios de comunicação libaneses.

Hoje também está previsto que o ex-primeiro-ministro se encontre no Palácio do Eliseu com o Presidente francês, Emmanuel Macron, que convidou Hariri e a sua família para se deslocarem a Paris para tentar acalmar a tensão entre a Arábia Saudita e o Líbano desencadeada pela estadia do primeiro-ministro em Riade.

Depois de uma conversa entre os dois dirigentes, deverá juntar-se ao almoço a família de Hariri, cuja chegada está prevista para as 12h30 (11h30 em Lisboa).

O convite feito a Hariri é amigável. Vou acolhê-lo com as honras que devem ser dadas a um primeiro-ministro, ainda que demissionário, porque essa demissão não foi reconhecida no seu país, uma vez que não regressou”, disse Macron na sexta-feira em Gutemburgo, no final da cimeira social europeia.

O encontro de hoje ocorre depois do convite de Macron a Hariri para viajar para a capital francesa e acabar com a sua permanência na Arábia Saudita, que tinha acentuado a crise política desencadeada em Beirute pela sua renúncia.

Hariri negou em várias ocasiões que estivesse retido contra a sua vontade e na sexta-feira destacou no Twitter que a sua presença naquele país tinha como objetivo “fazer consultas sobre o futuro da situação no Líbano e a sua relação com o mundo árabe”.

Na altura da sua demissão, o primeiro-ministro libanês acusou o movimento xiita Hezbollah e o seu aliado iraniano de “controlo” sobre o Líbano e afirmando recear ser assassinado.

Hariri afirmou que o Líbano vive uma situação semelhante àquela que existia em 2005 antes do assassinato do seu pai, Rafik Hariri, que foi primeiro-ministro por duas vezes. Quatro membros do Hezbollah foram relacionados com esta morte.

A demissão inesperada gerou receios de que o Líbano, um país profundamente dividido entre um campo liderado por Hariri e por outro dirigido pelo Hezbollah, possa mergulhar novamente na violência.

ZAP // Lusa

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