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Surto de Legionella que já causou dois mortos pode ter começado fora do hospital

Tânia Rêgo / ABr

As autoridades identificaram nas redondezas do Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, pelo menos sete equipamentos potencialmente produtores de aerossóis e onde poderá também ter começado o surto de infeção com a bactéria ‘legionella’.

O presidente dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) diz que a maior probabilidade é que o surto tenha origem nas instalações do hospital, mas por precaução a Administração Regional de Saúde (ARS) e o delegado de saúde fizeram o levantamento dos equipamentos potencialmente geradoras de aerossóis para análises.

Em declarações à Lusa, Paulo Correia de Sousa afirmou que a atividade dos SUCH se circunscreveu às instalações do Hospital S. Francisco Xavier, mas que deram “um contributo para ajudar a identificar quais os equipamentos que eram potencialmente produtores de aerossóis”, os únicos que podem levar à transmissão da bactéria.

“De início eram 14 e depois foram reduzidos para sete pontos, mas não sei nem onde estão nem o trabalho ali feito”, disse o responsável, explicando que tal tarefa é da responsabilidade do delegado de saúde e da ARS.

Esta segunda-feira, o Ministério Público anunciou que já está a “recolher elementos” sobre o surto de infeção com a bactéria ‘legionella’ neste hospital da capital. “O Ministério Público encontra-se a recolher elementos, sendo que não deixará de investigar qualquer indício de crime de que tenha conhecimento”, refere a resposta, por escrito, enviada à Lusa.

Idoso terá sido infetado quando foi fazer análises

O surto de infeção com a bactéria ‘legionella’ no hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, provocou dois mortos, um homem de 77 anos e uma mulher de 70, anunciou ontem a Direção-Geral da Saúde.

Em conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, adiantou que a mulher estava internada na unidade de cuidados intensivos do Hospital de Santa Maria e o homem nos cuidados intensivos de uma unidade de saúde privada.

De acordo com o Jornal de Notícias, que cita a família, uma das vítimas não estava doente e terá sido infetada quando foi fazer análises ao sangue. A vítima será Simão José Santiago, que foi ao Hospital S. Francisco Xavier há três semanas fazer análises de rotina sem que, segundo fonte próxima da família, estivesse doente.

O balanço das pessoas infetadas com a bactéria ‘legionella’ subiu para 34. Deste número, duas pessoas morreram, uma teve alta e as restantes encontram-se internadas.

“Os doentes são, na sua maioria, idosos com fatores de risco associados, nomeadamente doenças crónicas graves e hábitos tabágicos”, indica o comunicado assinado pela diretora da DGS e pelo presidente do INSA, Ricardo Jorge.

As duas entidades informam que “está em curso a investigação epidemiológica nas vertentes da vigilância da saúde humana e ambiental”, tendo sido realizadas vistorias técnicas aos equipamentos e às estruturas, lembrando que são procedimentos que vão demorar “pelo menos, duas semanas”.

O ministro da Saúde deu precisamente duas semanas à DGS e ao INSA para que “habilitem o Governo com um relatório detalhado, que seja do conhecimento público”, para apurar a forma como as coisas correram.

Estado poderá ter de indemnizar vítimas

Segundo o Diário de Notícias, o Estado deverá ser chamado a pagar indemnizações às vítimas do surto de ‘legionella’, uma vez que se trata de uma unidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Insatisfeito com a posição do governo, o Bloco de Esquerda vai apresentar hoje dois projetos de lei sobre a fiscalização do ar: um que visa restabelecer a obrigatoriedade de auditorias periódicas à qualidade do ar interior e a pesquisa de presença de colónias de legionella e outro para a fiscalização nos grandes edifícios de serviços e indústria, ou seja, para a qualidade do ar exterior.

Estas propostas foram preparadas na sequência do surto de legionella em Vila Franca de Xira, , que provocou 12 mortos, e estavam prontas desde o início do verão, mas aguardavam resposta do Ministério do Ambiente.

A ‘legionella’ é uma bactéria responsável pela doença dos legionários, uma pneumonia grave. A infeção transmite-se por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.

ZAP // Lusa

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