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Portugal recebeu 1500 refugiados. Metade não quis ficar

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Jens Buettner / EPA

Refugiado sírio em Horst, Alemanha

1511 pessoas deram entrada em Portugal desde dezembro de 2015 ao abrigo do programa de recolocação da União Europeia e sob o estatuto de refugiados. Desses 1511, cerca de 720 interromperam o programa e abandonaram o país.

Fogem de um país em guerra e com fome ou doenças. Vêm à procura de uma vida melhor, diferente da que conheceram até então.

Quando se inscrevem no programa de recolocação da União Europeia podem escolher, de entre uma lista, oito países, que, em setembro de 2015, se comprometeram a acolher requerentes de asilo, da Grécia ou da Turquia, e a conceder-lhes o estatuto de refugiado ou proteção internacional.

Portugal faz parte deste programa e comprometeu-se com a União Europeia a acolher refugiados. O Conselho Português para os Refugiados (CPR) é uma das cinco grandes instituições que celebrou protocolos com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para o acolhimento. Desde dezembro de 2015, esta instituição contabilizou 362 chegadas, mas apenas 146 pessoas permanecem.

No total, contabilizando todos os refugiados acolhidos pelas cinco instituições (Conselho Português para os Refugiados, União das Misericórdias Portuguesas, Cruz Vermelha Portuguesa, Câmara Municipal de Lisboa e a Plataforma de Apoio aos refugiados), 1511 chegaram, mas apenas 783 permaneceram – cerca de 52%.

As razões apontadas pelas associações para a saída dos refugiados de território nacional são sobretudo familiares. De acordo com o CPR, os refugiados saem para reencontrar familiares ou as suas comunidades noutros países.

Em cada uma das quatro instituições (já que a Cruz Vermelha não disponibilizou os seus dados por considerar que a sua “resposta não seria uma mais-valia”), metade (ou mais) dos cidadãos que dão entrada em Portugal sob o estatuto de refugiados abandonam Portugal antes de completarem os 18 meses do programa de integração.

Para João Afonso, vereador da Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro dos Direitos Sociais, estas saídas eram previsíveis e, por isso, não comprometem o bom desenrolar e o sucesso do programa de acolhimento em Portugal.

“As pessoas são colocadas num país e têm que aceitar esse país. O que acontece é que chegam aqui, não encontram as suas comunidades ou familiares e tentam juntar-se a eles noutros países”, justifica João Afonso ao Público.

Apesar das razões apontadas pelas instituições, Lara Alhalbi, refugiada síria estabelecida em Portugal, acredita que as saídas se prendem com outras razões, nomeadamente a demora pela clarificação da sua situação. “Não esperávamos que as condições fossem estas”, reconhece Lara.

Por várias vezes, Lara e o marido, Khaled, também refugiado sírio, deslocaram-se ao local onde esperavam ter aulas de português, e várias vezes se depararam com a ausência do professor. Deixaram de ir, para evitar a frustração de gastarem dinheiro com o transporte “para nada”.

Por mês, recebem 150 euros que têm de chegar para alimentação e transporte. Só o passe social ronda os 70 euros para quem, como no caso deste casal, vive no Cacém e pretende circular na região de Lisboa.

Os custos com alojamento, água, luz e gás são assegurados pelas instituições. No caso da CPR recebe 333 euros por mês por cada refugiado.

A instituição reconhece as limitações existentes para fazer chegar o ensino da língua a todas as pessoas que acolheu. A oferta depende, em grande parte, do voluntariado por parte de pessoas, associações ou empresas de formação.

ZAP //

2 Comments

  1. O que nao dizeme que fogem, para paises onde os subsidios sao mais elevados (Reino Unido, Franca e Alemanha).

    ESTA E A VERDADE!!!!!!!!!!!

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