Seis funcionários da Casa dos Rapazes, uma instituição de Viana do Castelo que acolhe menores em risco, são acusados de maus-tratos e agressões a jovens com idades entre os 11 e os 15 anos. O caso está a ser investigado pelo Ministério Público, depois de uma denúncia.
O jornal Público apurou que a Casa dos Rapazes de Viana do Castelo está a ser investigada pelo Ministério Público sob suspeita de práticas de violência e de maus tratos contra algumas das 46 crianças e jovens que a instituição acolhe.
O caso terá sido despoletado por denúncias de educadores da própria instituição.
O Público divulga dois vídeos que ilustram as alegadas práticas de violência. Num deles, datado de 2015, num dos encontros habituais da equipa técnica da instituição com rapazes com idades entre os 11 e os 15 anos/16 anos, há um rapaz que é questionado por ter usado a palavra “p***”, enquanto o coordenador da unidade lhe dá “repetidas palmadinhas na cabeça” e diz “Anda caramelo!”, conforme reporta o jornal.
“A violência ter-se-á tornado uma prática educativa no lar”, aponta o Público, realçando que os “superiores hierárquicos” terão recomendado a técnicos e educadores para recorrerem a “práticas de controlo do comportamento” como “insulto verbal, humilhação e castigo”.
Noutro vídeo divulgado pelo Público, datado de 2 de Março de 2017, o coordenador da unidade fala com um rapaz que terá roubado lápis. E embora não seja visível nas imagens, depreende-se que acaba por agredir o adolescente, que terá 13 anos. A directora técnica estará presente e chama “porco” à criança, relata o diário.
“Pouco-a-pouco, a violência verbal, emocional ou mesmo física ter-se-ão tornado num modo aceitável de lidar com a experimentação sexual dos rapazes e com outros comportamentos considerados desviantes”, relata o Público.
O jornal conta que o rapaz que roubou lápis terá sido violentamente agredido por três educadores, depois de ter sido apanhado na cama com outro adolescente de 16 anos.
A denúncia ao Ministério Público terá sido feita depois disso, a 18 de Abril passado. A linha SOS Criança terá também sido alertada, tal como o Instituto de Segurança Social (ISS) que tutela o lar de acolhimento.
A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco terá igualmente conhecimento do caso e alguns dos jovens da instituição já terão sido transferidos para outros lares.
Quanto aos seis funcionários suspeitos, continuam a trabalhar no lar, “alegadamente pressionando rapazes a alterar a versão dos acontecimentos”, refere o Público. Um dos arguidos terá sido mesmo alvo de uma promoção dentro da instituição, relata o jornal.
O presidente da direcção da Casa dos Rapazes, Luís Brito, refere ao Público que está em curso “um processo interno”, escusando-se a revelar mais detalhes.