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Neonazis estão a fazer testes de ADN (e a ficar furiosos com os resultados)

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Nunca foi tão fácil ou tão barato conseguir um teste de ascendência genética. Mas nem sempre os seus resultados agradam a quem os pede.

A facilidade e baixo preço dos GAT, os testes de ascendência genética nos EUA, tem levado muitos supremacistas brancos a procurar confirmar a sua “pureza”. Infelizmente para eles, segundo concluíram dois cientistas norte-americanos, muitas vezes os ditos supremacistas ficam bastante decepcionados com os resultados dos seus testes de DNA.

Aaron Panofsky e Joan Donovan, dois sociólogos da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos, decidiram investigar a tendência crescente de nacionalistas brancos que usam testes de ADN com o objectivo de reafirmar a sua ascendência e validar a identidade imaginada ou assumida.

Os dois sociólogos apresentaram o seu estudo numa reunião da Associação Sociológica Americana, em Montreal, no dia 14 de agosto. E o momento não podia ter sido mais apropriado, tendo em conta os eventos que ocorreram em Charlottesville, nos EUA, nos últimos dias.

O estudo começou no entanto há alguns anos atrás, período em que os dois sociólogos recolheram e analisaram os comentários publicados no Stormfront, um fórum ligado a um movimento nacionalista e neonazi branco, criado por um ex-membro do KKK, tendo registado a forma como os mais de 600 membros reagiam aos resultados dos seus GATs.

Os sociólogos verificaram que muitas pessoas ficaram agradavelmente surpreendidas com os seus resultados. Um utilizador, por exemplo, comenta que ficou surpreendido porque “já não tinha ancestralidade alemã. O meu teste disse ‘ADN nórdico’, e remonta à tribo Cimbri, que se instalou na Dinamarca“.

Mas nem todos os utilizadores do Stormfront ficaram assim tão contentes.

Um utilizador desabafa: “é por isso que eu não recomendo estes testes às pessoas. Querem dizer-me que que havia brancos no que é agora o Senegal, este todo esse tempo? Não? Então, querem fazer-me acreditar que sou miscigenado, embora muito provavelmente seja apenas parente de um qualquer branco tolo que andou a deixaro seu ADN no que é agora o Senegal“.

Por outro lado, alguns utilizadores do fórum tentam ocasionalmente usar a recém-descoberta “ascendência não branca” de alguém como uma desculpa para o expulsar da comunidade online.

Depois de um utilizador ter revelado que era “61% europeu”, outro respondeu: “Preparei uma bebida para ti. É 61% água pura. O resto é cianeto de potássio… O cianeto não é água e tu não és branco”.

Outra resposta habitual é simplesmente rejeitar a legitimidade dos testes, sugerindo que eles são uma conspiração multicultural judaica.

Os investigadores observam que essa reacção dos nacionalistas brancos aos testes de ADN não deve ser descartada como pura ignorância. Embora estas posições se revelem frequentemente infundadas, reflectem mais do que um simples desconhecimento da ciência, mas um mau uso propositado da ciência.

Segundo explicam Donovan e Panofsky, num artigo publicado em abril na revista Cultural Anthropology, o GAT infelizmente tem dois lados: é bom para os cidadãos ficarem a conhecer-se a si próprios, mas pode ser também negativo, levantando em particular preocupações quanto à privacidade dos utilizadores.

Além disso, os testes criam uma plataforma para os racistas revestirem teorias infundadas de um “aspecto cientifico”, convencendo-se mutuamente dos mitos que em primeiro lugar os movem como grupo social.

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7 Comments

  1. E se der puro, isso significa o quê? Superioridade em quê?
    Estes supremacistas, se alguma superioridade têm demonstrado é na falta de inteligência!
    Puros, só os “habanos”…

      • Mas são, obviamente, descendentes de europeus!…
        De qualquer modo, é triste ver que, em 2017 (e ainda por cima no país “exportador” da liberdade), há tantos ignorantes que se acham uma raça superior e cuja superioridade se manifesta em pura estupidez!!

  2. A seguir vão fazer um teste à ascendência comunista e vai começar pelo mais popular de todos Kim-Jong-un para saberem a percentagem de democracia que lhes corre nas veias!.

  3. Até os “cientistas” americanos são burros. Toda agente sabe (menos os americanos) que os EUA é o país mais “misto” que existe (no Mundo!). Gente de todo o Mundo foi lá parar e, óbviamente, se “misturou. Não é preciso dois cientistas para constatar o óbvio… Bem… Talvez para os americanos, coitados. Não sabiam… Sempre achei uma enorme “piada” á chamada pureza da raça (aliás, na humanidade, só existe a raça humana – as variações são etnias) no tempo do nazismo (nas aulas de história, porque não sou assim tão velho). Nem os germânicos eram puros na altura e muito menos americanos (quem quer que seja) agora (e sempre!).
    Fico contente que “eles” estejam a fazer testes. Vão ver que as suas “filosofias” ideológicas estavam absolutamente erradas (para além de disparatadas). Espero que protejam os técnicos que vão fazer os testes. Vão estar debaixo de fogo… Literalmente!!!

  4. Ignorando a questão da miscigenação, e falando apenas da questão dos “cientistas burros” americanos”.
    Acho alguma piada chamar “burros” aos cientistas americanos, enquanto se usa um dispositivo informático que, tenha sido Made in EUA ou Copied in China, só foi possível ser fabricado com décadas de investigação desses “cientistas burros americanos”. E fazê-lo enviando dados através de uma rede inventada pelos burros dos cientistas americanos da Darpa ou da rede de satélites inventada e colocada em órbita pelos cientistas burros americanos, e usando protocolos de comunicação inventados pelos burros dos cientistas americanos (com excepção do Tim Berners-Lee, que era um cientista burro inglês). LOL.

  5. Eu tenho muito orgulho que os portugueses resultem de uma mistura de muitos dos povos da Terra, pelo menos dos que por cá passaram e dos muitos por onde andámos! Como disse o Obama, “I am a motley”!

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