O Vaticano está a estudar um possível milagre atribuído ao bispo Óscar Romero, que poderá levar à canonização do clérigo, segundo as autoridades católicas de El Salvador.
O arcebispo de São Salvador, Jose Luis Escobar Alas, revelou esta segunda-feira a jornalistas que os responsáveis da igreja católica no país estão convictos da autenticidade do milagre, advertindo no entanto que pode ainda levar bastante tempo até que a Congregação para as Causas dos Santos considere o assunto.
A Igreja Católica salvadorenha enviou no fim do mês passado ao Vaticano os resultados da investigação sobre a alegada cura de Cecilia Maribel Flores, atribuída à intercessão de Dom Óscar Arnulfo Romero, o que abriria a porta para sua canonização.
“Um milagre atribuído à sua intercessão foi enviado a Roma neste dia. Rezemos pela sua canonização”, expressou no Twitter o Monsenhor Rafael Urrutia, Chanceler e Vigário da Arquidiocese de São Salvador, capital de El Salvador.
O bispo Óscar Romero, apelidado de “a voz dos sem voz”, foi assassinado com um tiro no peito quando dizia missa na capela do hospital da Divina Providência a 24 de março de 1980, em São Salvador, no início da guerra civil salvadorenha (1980-1992).
Um relatório da Comissão da Verdade da ONU, que investigou as violações dos direitos humanos durante a guerra em El Salvador (1980-1992), concluiu que a ordem para assassinar Romero partiu de Roberto D’Aubuisson, ex-Major do Exército e fundador do Partido de direita Alianza Republicana Nacionalista, ARENA.
O Arcebispo, beatificado em 23 de maio de 2015 em San Salvador, denunciava em suas homilias os ataques dos corpos de segurança contra a população civil e outras violações dos direitos humanos.
O processo para o tornar santo, em que a beatificação é a penúltima etapa, contou durante longos anos com a oposição da ala mais conservadora da Igreja e dos partidos de direita, que apontavam “ideias marxistas” ao bispo, crítico da repressão do governo.
A petição pela canonização do bispo salvadorenho esteve parada durante anos na Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, até fevereiro de 2015, altura em que o papa Francisco deu início ao processo, declarando-o “mártir”.
ZAP // Lusa