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Papa é capa da Rolling Stone

Rolling Stone

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O papa Francisco é a capa da revista Rolling Stone que será publicada na sexta-feira e titula “The Times They Are A-Changin” (“Os tempos estão a mudar”), numa referência a uma canção de Bob Dylan.

A reportagem do jornalista Mark Binelli atesta que o papa, de 77 anos, está “a fazer um notável corte com a tradição, enfrentando as questões políticas com frontalidade e é mais inclusivo em matéria de Direitos Humanos; uma atitude que os católicos apreciam”.

Segundo a conhecida revista de música e espetáculos, “em menos de um ano desde que começou o seu pontificado, Francisco tem-se preocupado em demarcar-se dos anteriores pontífices, tendo escolhido residir na casa de hóspedes do Vaticano, de Santa Marta, e não no palácio papal, libertando-se do isolamento eclesiástico do Vaticano”.

A revista salienta as opções do papa por uma vida mais humilde, tendo “escolhido um automóvel de tipo familiar, em vez de uma limusina, paga as suas próprias contas de hotel e mantém a sua agenda”.

Segundo o jornalista, o papa contou a uma congregação que o visitou que, se houvesse uma tempestade que afectasse as pessoas na Praça de S. Pedro, estaria junto delas, e “assim parece que é”, conclui.

Uma fonte do Vaticano, comentando à revista sobre a opção do papa pela privacidade e independência, que os antecessores não tiveram, afirmou: “João Paulo II e Bento XVI tinham um círculo interno, de modo que esta atitude é muito desconcertante para as pessoas do lado de dentro”.

“Será que Francisco tem uma sala de guerra? Não, provavelmente não. Mas quem ele está escolhendo para dela fazer parte, realmente ninguém sabe”, disse a mesma fonte.

Segundo a revista, além de oferecer uma alternativa mais amigável a Bento XVI, o seu antecessor, que foi o primeiro papa a renunciar ao cargo em 700 anos e que tinha uma visão muito mais draconiana sobre a homossexualidade, Francisco deu início a investigações sobre a possibilidade de corrupção dentro da Igreja e tem explorado maneiras de lidar com o problema da pedofilia, procurando tomar medidas e aconselhar as vítimas.

“Francisco já está a mudar a Igreja de forma real através de suas palavras e gestos simbólicos”, disse à edição norte-americana da revista o padre Thomas J. Reece, analista sênior do esquerdista National Catholic Reporter.

“Ele pode sentar-se no seu gabinete, ir através do Direito Canónico e começar a mudar as regras e os regulamentos. Mas isso não é o que as pessoas querem que ele faça”, afirmou o sacerdote à Stone.

Desde a eleição papal, em Março do ano passado, a participação em eventos papais no Vaticano triplicou para 6,6 milhões de pessoas, afirma Binelli.

A Rolling Stone apresenta o pontífice como um homem vinculado à tradição religiosa, por um lado, e por outro, esforçado em trazer a Igreja para uma nova era.

“Os tempos estão mudando”, como sugere o título da capa.

Mark Binelli afirma que Francisco, o 266.º vigário de Cristo na Terra, “é de uma humildade evidente, empatia e, acima de tudo, tem uma devoção aos economicamente desprivilegiados e parece mais robusto do que quando se vê na televisão”.

“Dispensou os acessórios pontificais mais extravagantes, é surpreendentemente elegante, vestindo um sobretudo branco traçado, lenço branco e uma batina num branco pérola, tudo impecavelmente costurado”, escreve o jornalista.

Anteriormente, Francisco tinha sido escolhido como a personalidade do ano de 2013 pela revista norte-americana Time e foi também homenageado pela revista gay The Advocate, pela “mudança de retórica” em relação à homossexualidade. Quatro meses após a sua eleição, a edição italiana da revista Vanity Fair elegeu-o “o homem do ano”.

/Lusa

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