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Ex-presidente do Montepio suspeito de receber 1,5 milhões de euros do amigo de Salgado

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Mário Cruz / Lusa

Tomás Correia presidiu ao Montepio entre 2008 e 2015

O ex-presidente do Montepio, Tomás Correia, é suspeito de ter recebido pagamentos de 1,5 milhões de euros para beneficiar o construtor civil José Guilherme, o mesmo que “ofereceu” 14 milhões de euros a Ricardo Salgado.

O jornal Expresso avança, na sua edição deste sábado, que ex-presidente do Montepio Tomás Correia foi constituído arguido pelo Ministério Público (MP), no início deste mês de Janeiro, no âmbito de indícios de que terá recebido 1,5 milhões de euros para beneficiar o construtor civil José Guilherme.

José Guilherme é o mesmo empresário é que justificou como uma “liberalidade” uma “prenda” de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), para lhe agradecer a consultoria para negócios em Angola.

Neste novo caso, o MP “detectou movimentações suspeitas em offshores na Suíça”, conforme avança o semanário, e suspeita que o dinheiro pode ter sido pago a Tomás Correia no âmbito de empréstimos concedidos pelo Montepio e pelo BES para financiar o negócio do Marconi Parque, em Alfragide, na Amadora.

Em causa estão 74 milhões de euros concedidos ao Fundo de Investimento Imobiliário Invesfundo que adquiriu os terrenos do Parque Marconi, em 2005, quando Tomás Correia era administrador do Montepio.

O Investfundo era gerido por uma empresa do Grupo Espírito Santo.

As transferências consideradas suspeitas ocorreram entre 2006 e 2007, sendo efectuadas através de contas do banco suíço UBS e por via de offshores. O MP traçou a rota do dinheiro e concluiu que os detentores das contas em causa serão José Guilherme e o filho, Paulo Guilherme, adianta o Expresso.

Paulo Guilherme é um dos investidores que, em 2013, adquiriu unidades de participação do Montepio, num processo de reforço de capital do banco.

Tomás Correia diz que não conhece José Guilherme

Tomás Correia, que presidiu ao Montepio de 2008 a 2015, foi constituído arguido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) num inquérito-crime relacionado com os terrenos de Alfragide. É suspeito de crimes de burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e corrupção.

Este novo processo, que coloca sob suspeita os empréstimos do Montepio e do BES, resultou de documentos apreendidos nas buscas da “Operação Marquês” que tem como principal protagonista José Sócrates.

Numa entrevista à revista Sábado, Tomás Correia disse que não conhece José Guilherme e que não sabe nada sobre o empréstimo concedido pelo Montepio. Mas o ex-líder do banco garantiu que “os procedimentos nessas matérias sempre foram muito rigorosos” na instituição.

“Não acredito que haja algo que ponha em causa pessoas ou a instituição”, acrescentou o ex-banqueiro.

ZAP //

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