Leonard Cohen morreu esta quinta-feira, aos 82 anos. A morte foi anunciada pelo seu agente, através da página de Facebook do músico e poeta canadiano .
“É com profunda tristeza que informamos que o poeta, compositor e artista lendário Leonard Cohen morreu”, escreveu o seu agente. “Perdemos um dos visionários mais prolíficos e respeitados do mundo da música”.
Leonard Cohen, que morreu em sua casa, deambulou pelo mundo dentro da sua melancolia e emergiu como uma voz sublime e espiritual da sua geração.
O músico festejou a 21 de setembro os seus 82 anos com um novo álbum, “You Want It Darker“, o 14.º da sua carreira, no qual refletia sobre sua própria mortalidade e, com a sua voz grave, interrogava-se sobre a natureza do homem e de um Deus todo-poderoso.
No mês passado, o músico e poeta aplaudiu a atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan e considerou que foi como “dar uma medalha ao monte Evereste por ser a montanha mais alta”. O nome do próprio Cohen foi várias vezes apontado como candidato ao Nobel.
Nascido a 21 de setembro de 1934 numa família judaica em Montreal (Canadá), Leonard Cohen compôs algumas das músicas mais inesquecíveis das últimas décadas.
Ainda no Canadá licenciou-se em literatura na Universidade McGill, em 1955, e integrou o grupo musical The Buckskin Boys.
Mudou-se para Nova Iorque com uma bolsa para a Columbia Graduate School, e aos 24 anos recebeu outra, do Canada Council, para escrever um livro, o que lhe permitiu viajar para a Europa.
Músico, escritor e poeta, Cohen acompanhou sempre a música com a literatura, a sua grande paixão, que começou aos 16 anos, quando escreveu os seus primeiros poemas.
Publicou o primeiro álbum, “Songs of Leonard Cohen”, em 1967, já depois de ter feito trinta anos e de ter revelado a faceta literária, em particular com o livro de poesia “Let us compare mythologies” (1956) e o romance “O Jogo preferido”, (1963), editado em Portugal em 2010.
Leonard Cohen é também autor do livro de poesia “Flowers for Hitler” (1964).
Em Portugal estão também publicados “Filhos da Neve” e “O livro do desejo”, que reúne poemas dispersos escritos ao longo dos últimos vinte anos, alguns dos quais durante um retiro budista de Cohen nos Estados Unidos e na Índia.
Alguns dos poemas desse livro foram adaptados para letras de canções.
Considerado um dos mais importantes nomes da música popular do século XX, Cohen escreveu músicas simbólicas da sua geração, incluindo “Hallelujah.”
“Suzanne” ou “So Long Marianne” ilustram, em 1967, uma primeira coleção de canções marcadas pelo sofrimento amoroso.
Aos 77 anos, foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras pelo “imaginário sentimental” da escrita e da música, justificou o júri.
No mesmo ano, em 2011, foi galardoado com o 9.º Prémio Glenn Gould, atribuído de dois em dois anos a artistas que contribuam para enriquecer a condição humana e representem os valores da inovação, inspiração e transformação.
Apesar da idade, estava mais ativo desde 2008, quando iniciou uma nova digressão internacional, depois de uma ausência de 15 anos, e editou o álbum “Old Ideas” (2012).
Em 2014, lançou o álbum “Popular Problems”, que aborda preocupações e dilemas do mundo atual.
Sobre este álbum, marcado pela sua voz cavernosa e grave, Leonard Cohen afirmou que é atravessado por um sentimento identificável por todos.
“Toda a gente sofre e toda a gente luta por ser alguém, por ser reconhecido. É preciso perceber que a luta de um é igual à luta de qualquer outro; e o sofrimento também. Creio que nunca se chegará a uma solução política se não se perceber esta ideia”.
Questionado se uma canção pode oferecer soluções para problemas políticos, respondeu: “Eu penso que a canção é, ela mesma, uma espécie de solução”.
Cohen foi precedido na morte, em julho, por Marianne Ihlen, a norueguesa com quem viveu na ilha grega de Hydra e que inspirou “So Long, Marianne”.
Numa carta para Ihlen revelada por um amigo, Cohen declarou o seu “amor sem fim” por ela, escrevendo: “Acho que vou seguir-te muito em breve.”
Estará agora a dançar com ela até ao fim do amor.
ZAP / Lusa
Este é o nosso fim, uns mais que outros pela natureza daquilo que nos deixa. Mas em contrapartida fica o legado riquíssimo daquilo que foi a sua obra, seja na música, na voz , como alguns diziam “Cavernosa”. Sinto-me triste, porque Cohen foi um “Senhor em toda a sua dimensão, e deixou-nos.
Como curiosidade no ano em que nasci este já era um brilhante licenciado em literatura na Universidade McGill, em 1955. Diria muito breve sobre a sua obra que destaco Hallelujah, é intemporal…
Finalmente despeço-me deste “Monstro” e quedo-me com o devido respeito que merece de todos nós. Condolências à família. RIP.
Cada vez mais pobres e sós, apenas resta continuar a ouvir o seu legado .