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O que publica sobre os seus filhos na Internet pode ter consequências graves

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Pixel y Dixel / Flickr

Uma nova pesquisa alerta os pais para o facto de terem que ser duplamente cautelosos quando publicam fotos, comentários ou revelações sobre a vida pessoal dos filhos na Internet. Está em causa a privacidade, mas também repercussões no futuro das crianças.

As publicações feitas pelos pais sobre os seus filhos, nomeadamente nas redes sociais, podem ter consequências que vão muito para lá do tempo presente. Marcam para sempre a existência digital dos envolvidos, o que acarreta problemas legais e pode também motivar complicações psicológicas para as crianças envolvidas até à idade adulta.

Estes alertas surgem num novo estudo levado a cabo por pediatras que se debruçou sobre os potenciais danos das publicações feitas pelos pais sobre os seus filhos nas redes sociais.

De acordo com dados avançados no artigo publicado no Emory Law Journal pela Social Science Research Network (SSRN), “nos EUA, 92% das crianças com dois anos têm presença online e cerca de um terço fazem a sua primeira aparição nas redes sociais nas suas primeiras 24 horas de vida“.

Os pediatras alertam para os riscos que isso acarreta para as crianças e para o facto de ser imperioso que os pais sejam mais cuidadosos quanto à protecção da identidade dos filhos na Internet.

A pesquisa, que foi apresentada na Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria (AAP), realça que a informação partilhada pode ser roubada ou repetidamente partilhada, sem o conhecimento dos pais, acabando nomeadamente em sites de pedofilia ou nas mãos de ladrões de identidade.

“Ainda mais provável é a criança poder querer um dia ter alguma privacidade e controle sobre a sua identidade digital”, alerta ainda a pediatra Stacey Steinberg, que assina o trabalho científico.

“Desemaranhar o direito dos pais a partilharem as suas histórias e o direito das crianças a entrarem na idade adulta com a liberdade de criarem a sua pegada digital é uma tarefa assustadora”, considera a investigadora citada no comunicado sobre o estudo divulgado no EurekAlert.

“Pegada digital” para toda a vida

A investigação evidencia que estão em causa “riscos novos e muitas vezes, não antecipados” e salienta, assim, a importância de haver um guia de orientações que aborde as “pisadas digitais” que são criadas para as crianças pelos seus pais e que as vão seguir na sua vida adulta.

Além das recomendações de nunca partilharem a localização dos filhos na Internet, nem fotos que os mostrem em locais identificáveis, fica a indicação de que, a partir de uma determinada idade, se deve dar às crianças o “poder de veto” sobre imagens e outras publicações que as envolvam.

Os pediatras também aconselham a publicar conteúdos de forma anónima quando se decide desabafar sobre comportamentos ou problemas dos filhos.

“As crianças podem um dia vir a ressentir-se das revelações feitas anos antes pelos seus pais”, destaca-se no artigo.

Aquela foto antiga embaraçosa que surge no Facebook como uma má “memória” ou detalhes sobre os problemas e dificuldades da adolescência podem ter repercussões psicológicas nos envolvidos, já durante a sua vida adulta.

“A quantidade de informação colocada no universo digital sobre as nossas crianças, em apenas alguns anos, é impressionante”, repara a pediatra Bahareh Keith, da Escola de Medicina da Universidade da Flórida, que também esteve envolvida na pesquisa.

Em declarações divulgadas pelo EurekAlert!, Keith destaca que “os pais consideram, muitas vezes, como proteger da melhor forma os filhos enquanto usam a Internet”, mas que “nem sempre consideram como o seu próprio uso das redes sociais pode afectar o bem-estar das suas crianças“.

“Quando publicamos nas redes sociais, temos todos que considerar como é que as nossas acções online afectam o bem-estar das nossas crianças, tanto hoje como também no futuro”, aponta a professora.

SV, ZAP

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