O governo dos EUA solicitou esta sexta-feira a suspensão da construção de um controverso oleoduto nas grandes planícies do norte do país, para apaziguar tensões, apesar de também hoje um juiz ter autorizado a continuação dos trabalhos.
Perante uma situação que “merece uma solução clara e oportuna”, os ministérios da Justiça e do Interior solicitaram “que a sociedade que está a construir o oleoduto suspenda voluntariamente toda a atividade num raio de 20 milhas (32 quilómetros) a leste e a oeste do Lago Oahe”.
A tribo sioux de Standing Rock afirma que o oleoduto ameaça as fontes de água potável e vários locais sagrados, onde estão sepultados os seus antepassados.
A obra suscitou nos últimos dias um movimento de contestação crescente nos EUA por parte e tribos índias, ecologistas e defensores dos direitos dos ameríndios.
As autoridades receavam confrontos no Estado do Dakota do Norte, epicentro da controvérsia, e tinham mobilizado efetivos da Guarda Nacional para os locais.
Alguns instantes antes do anúncio do governo, um juiz federal em Washington tinha autorizado a continuação dos trabalhos, argumentando com muito cuidado, uma vez que o tema tornou-se muito sensível.
“Desde a fundação desta nação, as relações com as tribos índias têm sido tensas e trágicas“, escreveu no preâmbulo o magistrado James Boasberg.
Garantindo que “não considerava de forma ligeira qualquer degradação das terras consideradas importantes pelos Sioux de Standing Rock” e declarando-se “consciente as humilhações sofridas por esta tribo desde há dois séculos”, o juiz considerou porém que “esta não tinha demonstrado que se justificava uma injunção” de paragem das obras.
O projeto de trajeto do oleoduto, batizado Dakota Access Pipeline, atravessa quatro Estados norte-americanos, para encaminhar o petróleo extraído no Dakota do Norte, na fronteira com o Canadá, até ao Illinois, mais a sul.
Em última instância, compete à Justiça decidir este espinhoso dossier, estando previsto para 16 de setembro uma primeira reunião entre as partes, na capital federal.
/Lusa