O jornal satírico francês Charlie Hebdo está envolvido em mais uma polémica, desta feita por causa de um cartoon sobre o terramoto que abalou Itália, no passado dia 24 de Agosto, matando quase 300 pessoas.
A publicação apresenta na sua última edição uma sátira ao sismo, comparando as suas vítimas a pratos típicos da gastronomia italiana.
No cartoon intitulado “Sismo à italiana”, surgem os desenhos de pessoas feridas com as legendas “Penne com molho de tomate”, “Penne gratinado” e “Lasanha”.
“Cerca de 300 mortos num terramoto em Itália. Ainda não se sabe se o sismo gritou ‘Allah Akbar’ antes de começar“, escreve ainda o Charlie Hebdo, lembrando a expressão usada habitualmente pelos terroristas islâmicos.
O desenho humorístico do Charlie Hebdo está a causar indignação generalizada, particularmente em Itália, onde várias figuras públicas já o consideraram inadmissível e desrespeitoso para com as vítimas.
“Mas como é que se faz um cartoon sobre mortes! Estou certo de que esta sátira desagradável e embaraçante não corresponde ao verdadeiro sentimento dos franceses”, desabafou o presidente da Câmara de Amatrice, onde morreram 232 das 293 vítimas do sismo, em declarações divulgadas pelo jornal La Repubblica.
“Respeito a liberdade da sátira, mas tenho a liberdade de dizer que é repugnante“, acrescenta, por seu turno, o presidente do Senado italiano, Pietro Grasso, citado pelo mesmo diário.
O comissário para a reconstrução pós-terramoto, Vasco Errani, destaca no Corriere della Sera que as vítimas não acham graça nenhuma ao cartoon e que este só “aumenta o sofrimento destas pessoas”.
A revolta está a ter tal repercussão em Itália que a Embaixada francesa no país já veio anunciar, num comunicado, que o desenho do Charlie Hebdo “não representa absolutamente a posição da França”.
Pelas redes sociais, também impera a revolta e no Twitter a hashtag #JeNeSuisPasCharlie está a ser usada por utilizadores de todo o mundo, depois de, na sequência dos atentados que vitimaram vários profissionais do Charlie Hebdo, em 2015, milhares de pessoas terem utilizado #JeSuisCharlie para expressar solidariedade aos franceses.
Por outro lado, há quem defenda a ideia da liberdade de expressão do Charlie Hebdo e note a hipocrisia daqueles que criticam esta sátira ao sismo em Itália quando terão vindo a público defender o jornal pelos seus cartoons sobre os muçulmanos e o Islão.
O jornal satírico já respondeu à polémica, publicando no seu perfil do Facebook um outro cartoon com a legenda “Italianos, não é o Charlie Hebdo que constrói as vossas casas, mas a Máfia”.
SV, ZAP
Gostaria de ver um cartoon sobre o massacre que eles próprios sofreram em 2015. Deveria ser um fartote de rir.
É comédia, é humor negro, quem não gosta não come. Chama-se liberdade de expressão se não têm capacidade para viver com ela, se calhar deviam ir para a Síria, Iraque ou Turquia que aquilo agora está muito mais “limpinho” e politicamente correto.
Liberdade de expressão sim, Mas chamar a isto comédia? vai uma distância muito grande… brincar com as vidas das pessoas que partiram, sem que tivessem feito nada e ainda por força da natureza, convenhamos, só podem estar a brincar e ….
Por favor! Comédia? Humor negro? Estamos a falar de vidas que se perderam. Não estamos a falar de criaturas vivas ou emblemáticas de uma qualquer organização política, religiosa ou outra.
Aqui houve vidas que se perderam porque a Natureza assim o impôs. Vidas anónimas, do cidadão comum, como qualquer um de nós.
Talvez se fosse um pai, uma mãe, um filho/filha ou outras pessoas próximas, envolvidas neste cartoon de péssimo gosto ( no minimo ) a opinião seria diferente.
Quanto à “liberdade de expressão” é uma questão de subjectividade. Para mim está, e tem que estar mesmo, balizada dentro do razoável, principalmente em termos morais e éticos, inclusivé quando falamos deste conceito na forma satirica. Quando vejo desenhados cadaveres, com esparguete em cima ” catalogados de esparguete à bolonhesa” ou um amontoado de cadaveres catalogados com “lasanha”, francamente acho que não é humor negro é, isso sim, uma atroz estupidez e dum desrespeito completo pela dor dos que ficaram sem os seus ente queridos
A liberdade de expressão é um valor absoluto! Dito isto os nazis, os fundamentalistas islâmicos e todos os outros que pregam o ódio e a intolerância também devem ser protegidos nos seus direitos, e apregoar as suas ideias livremente. A imbecilidade e a hipocrisia tornou-se um modo de vida para as mentes bem pensantes deste mundo. JE NE SUIS PAS CHARLIE NEM AGORA NEM NUNCA.
Em França esse “jornal” é bem conhecido por ser um lixo e há já muitos anos…
Em França, esse “jornal” é bem conhecido por ser um lixo e há já muitos anos…
A resposta às dúvidas do porquê do cartoon acabou por da las o próprio jornal quando respondeu que o que aconteceu se deve a má construção das casas com mão da máfia ou pelo menos de construtores corruptos, veja se o que aconteceu com uma escola.
De qualquer modo eu não faria aquele cartoon
Tal como o jornal Charlie Hebdo tem a liberdade de escrever (e desenhar) o que quer, como quer e quando quer, também todos nós, cidadãos anónimos ou não, temos a liberdade de dizermos o que pensamos. Há quem ache piada a este tipo de sátira e há quem, como eu, não ache piada nenhuma. E todos, os que gostam e os que não gostam, têm o direito de dizer o que pensam. Já quando aconteceram os ataques em Paris lamentei a escolha do cartoon deste jornal (com partes de corpos e o título da música “papaoutai”) e agora lamento esta. Querer fazer piada com a desgraça, em especial quando há perda de vidas) é de um tremendo mau gosto. Até porque há tantos temas que podem ser satirizados sem causar este impacto negativo e até ofensivo, sem revelar desrespeito pelas vítimas e suas famílias. Mas enquanto houver quem goste, nada a fazer. Vão continuar. E quem não gosta vai continuar também. Continuar a opinar livremente.
Pessoalmente acho a maior parte dos humanos repugnantes, como acho esse desenho.
O que tenho a fazer é ou evitá-los ou tentar melhorá-los.
Matá-los – que é o que primeiro me ocorre – não é tão boa ideia como parece à primeira vista.
O homem não tem piada e até mete nojo. Acontece. Esperemos que acabe noutra profissão.
Num mundo destes quem se ofende com desenhos é cego e idiota.
E quem põe em causa a liberdade de expressão por haver destalentados que a usam é burro como um soco.
(Olha!: soco, de calçar e soco de bater! É como para de lugar e para de parar.
Há muitas palavras homógrafas).
Tudo tem um limite e pelos vistos estes senhores cartoonistas sobreviventes estão de novo a ultrapassar os limites, depois se tiverem o mesmo fim dos seus colegas quem os aprova agora terão certamente que concordar com o seu abate por respeito a ideias contrárias.
cartoons nojentos e imorais como é tradição no Charlie Hebdo. Há assuntos que não podem ser alvo de piadas de mau gosto e este jornal sempre pisou essa linha. Não tenho pena nenhuma pelo que lhes aconteceu. Deviam era fechar portas.
Ainda há alguém que não percebeu que eles não prestam?
Eu não sou Charlie Hebdo!…