Venezuelanas em desespero cruzam fronteira à procura de alimentos na Colômbia

Miguel Gutierrez / EPA

Venezuelanos protestam contra a falta de alimentos e produtos básicos em  Catia, Caracas

Venezuelanos protestam contra a falta de alimentos e produtos básicos em Catia, Caracas, em junho

Meio milhar de venezuelanas atravessaram na terça-feira a fronteira com a Colômbia, em direção à cidade de Cúcuta, para comprar alimentos e outros produtos escassos na Venezuela.

“As mulheres atravessaram a fronteira, apesar do fecho da fronteira comum. Chegaram a Cúcuta, capital do departamento de Norte Santander, procedentes da vizinha cidade de Ureña, no estado de Táchira, depois de atravessar a ponte internacional Francisco Santander”, explica o diário venezuelano El Impulso.

Segundo o jornal, “fontes policiais do Norte de Santander indicaram que a situação está a ser tratada diretamente pelo Ministério de Relações Exteriores” da Colômbia.

Entretanto, o canal colombiano de notícias NTN24 divulgou imagens do momento em que as mulheres vestidas de branco – num número estimado já em 700 – “persuadiam” a Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar venezuelana) a deixá-las passar para a Colômbia para comprarem produtos escassos na Venezuela.

A situação, segundo a imprensa colombiana, levou a ministra de Relações Exteriores da Colômbia, Maria Ângela Holguín, a marcar, para as próximas horas, uma visita à cidade de Cúcuta, para tratar de assuntos fronteiriços com as autoridades locais.

Por outro lado, a deputada venezuelana Laidy Gómez exigiu ao Governo de Caracas que reabra a fronteira com a Colômbia, para os venezuelanos poderem ir comprar alimentos no país vizinho.

“Talvez tenham permitido a passagem por uma questão humanitária, perante a crise que estamos a viver em Táchira. A ação destas mulheres não é mais do que a demonstração de que as medidas isoladas e descontroladas do Governo não vão poder controlar a fome do povo“, disse a deputada aos jornalistas.

A 14 de junho, uma mulher de 44 anos morreu afogada quanto tentava atravessar um rio entre a Venezuela e a Colômbia, onde pretendia adquirir um medicamento que escasseia em território venezuelano.

Este caso coincidiu com a recusa da Venezuela em receber ajuda internacional em medicamentos que, segundo fontes médicas, escasseiam em mais de 80% no país.

A vítima, residente no estado de Táchira, no oeste da Venezuela, faleceu quando pretendia chegar ao departamento colombiano de Norte de Santander e foi surpreendida por uma enchente do Rio Táchira.

A 19 de agosto de 2015, Maduro ordenou o encerramento da ponte Simón Bolívar, principal passagem entre a cidade colombiana de Cúcuta e as localidades venezuelanas de San António e Ureña.

Cinco dias depois, as autoridades venezuelanas decretaram o estado de emergência em seis municípios fronteiriços com a Colômbia, justificando a medida com o combate a grupos paramilitares, ao narcotráfico e ao contrabando.

O estado de emergência foi depois estendido a 20 municípios, abrangendo os estados venezuelanos de Táchira, Zúlia e parte de Apure.

Desde o encerramento da fronteira, mais de 1.355 colombianos foram repatriados e mais de 19 mil abandonaram a Venezuela voluntariamente, segundo fontes não oficiais.

/Lusa

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