A polícia das Filipinas revelou que matou mais de 20 alegados traficantes de droga nas últimas duas semanas em todo o país, encorajada pelo discurso do Presidente eleito, Rodrigo Duterte, noticia hoje a agência AFP.
Na capital filipina, Manila, polícias armados têm ainda feito operações noturnas, durante as quais têm sido detidas centenas de pessoas e interpeladas crianças sozinhas ou adultos alcoolizados, segundo a AFP.
Rodrigo Duterte ganhou as presidenciais de maio com um discurso securitário e polémico, focado na alegada ameaça de o país estar à beira de se transformar num narco-estado.
Entre outras coisas, prometeu que milhares de criminosos seriam abatidos.
O presidente eleito instou as forças de segurança a começarem a agir antes mesmo da sua tomada de posse, agendada para 30 de junho, e prometeu recompensas aos polícias.
Depois da vitória nas eleições, Duterte anunciou que vai instaurar o recolher obrigatório noturno para as crianças e que vai proibir, durante a noite, a venda de álcool e o karaoke, extremamente popular no país.
A polícia de Manila tem demonstrado zelo na aplicação destas diretrizes e centenas de pessoas foram detidas nas últimas semanas.
Os agentes falam mesmo numa “Operação Rody”, que é ao mesmo tempo o acrónimo do slogan “rid the streets of drinkers and youths”, ou seja, “tirar das ruas bebedolas e jovens” e o diminutivo por que é tratado Rodrigo Duterte.
O Presidente eleito avisou, por outro lado, os pais culpados “de abandono” de que serão detidos e os filhos entregues a serviços sociais.
Presidente cessante apela à defesa das liberdades
O Presidente cessante das Filipinas, Benigno Aquino, apelou hoje à resistência a todas as tentativas de limitação das liberdades, num momento que se prepara para passar o cargo ao presidente eleito, o polémico Rodrigo Duterte.
Benigno Aquino, que falava nas celebrações do 118.º aniversário da independência do país, afirmou que é necessário evitar o regresso aos tempos da ditadura de Ferdinand Marcos.
“Lembremo-nos de que há apenas uma geração, o Governo filipino suprimiu as liberdades dos nossos cidadãos”, afirmou.
“Foi um filipino como nós que nos privou de liberdade. Isso significa que se não estivermos atentos, se pode repetir”, sublinhou.
Durante a campanha eleitoral, Aquino considerou que Rodrigo Duterte é um ditador em potência.
“Agora que vamos virar mais uma página da nossa história, não esqueçamos de que as liberdades devem ser defendidas e alimentadas. Devemos bater-nos por todas as coisas que contam”, acrescentou o Presidente cessante.
“Para que o mal triunfe, basta que os homens de bem não façam nada“, disse ainda, citando o político britânico Edmund Burke.
Duterte toma posse no próximo dia 30 de junho.
/Lusa