Um funcionário do Clube Naval da Ericeira, Mafra, e o gerente do respetivo café foram atingidos por uma onda e ficaram três horas com água pelo pescoço quando desligavam a instalação elétrica e tentavam retirar bens das instalações.
“Iam sendo levados. Não houve danos pessoais por sorte”, relatou hoje à agência Lusa o presidente do Clube Naval da Ericeira, José Simões, referindo-se a este incidente ocorrido na segunda-feira entre as 18:00 e as 21:00.
Na esperança de minimizarem eventuais prejuízos que o mar pudesse fazer, os dois, habituados ao mar, deslocaram-se às instalações do clube naval para desligar a instalação elétrica das instalações, a seu pedido, e retirar alguns bens para não serem destruídos pela força das ondas.
Já antes alertados pela escassa distância a que o mar se encontrava, tiveram de abandonar primeiro o restaurante, o primeiro a ser inundado pelo mar, e refugiar-se em instalações anexas que servem de apoio aos pescadores desportivos.
Sem esperar, “foram atingidos por uma onda e ficaram com água pelo pescoço durante três horas”, à espera da baixa-mar para poderem sair.
Um deles sofreu ainda traumatismos numa perna, ao ser projetado e ficar preso dentro das instalações, e teve de receber assistência hospitalar.
Apesar das lágrimas dos olhos com que ficou hoje de manhã ao ver a destruição quase completa do Clube Naval, onde se fez associado há 27 anos, José Simões, respira de alívio por a tragédia não ter sido pior.
Na sede, o mar danificou uma zona de convívio, onde os pescadores confecionavam os petiscos da pesca, deixou uma casa de banho com “meio metro de areia” e destruiu “por completo” a oficina de reparação das embarcações, levando ferramentas e máquinas.
“O mar entrou pela porta norte e destruiu tudo”, contou.
Os prejuízos ainda estão por calcular, mas são estimados em “milhares de euros”, estendem-se ao restaurante, igualmente propriedade do clube e onde o mar estragou vidros das janelas, a esplanada interior, mobiliário, arcas frigoríficas e o próprio ‘stock’ de bebidas e de géneros alimentares.
Apesar de estar aberto o ano inteiro, estava encerrado há alguns dias por precaução, a pedido das autoridades.
Ainda na Ericeira, o bar da praia do Algodio, um restaurante e uma esplanada de um bar da praia Sul sofreram também danos significativos.
Apesar dos estragos, os seus proprietários ainda não conseguiram concluir as limpezas para voltarem a abrir, devido ao estado do mar.
Cerca de dez embarcações de pesca e recreio ficaram com danos, que estão ainda por calcular, deixando prejuízos estimados em milhares de euros à comunidade piscatória, segundo alguns pescadores contactados pela Lusa.
No hotel Vila Galé, o mar entrou na zona de lazer, sobretudo na piscina, obrigando a unidade a restringir o acesso dos hóspedes.
A Proteção Civil Municipal mantém interdito o acesso às praias da Calada, São Lourenço, Algodio, Sul, Pescadores e de São Julião, para evitar que as pessoas se aproximem da orla costeira, bem como uma rua junto ao mar, na vila da Ericeira.
/Lusa