As chamadas tatuagens da Lua, padrões de manchas escuras e claras que se repetem na superfície lunar, continuam a intrigar cientistas da NASA. Mas novas observações aproximam-nos de uma resposta quanto à sua origem.
Estas tatuagens lunares foram localizadas em mais de 100 locais distintos, repetindo-se em manchas claras e escuras, em padrões em redemoinho. Parecem “quase pintados na superfície da Lua”, explica John Keller, cientista da NASA que integra a missão Órbita de Reconhecimento Lunar (LRO) que primeiro detectou estas manchas intrigantes.
“São únicas; só vimos estas características na Lua e a sua origem permanece um mistério desde a sua descoberta“, acrescenta o investigador.
Anteriores observações revelaram que estes padrões que podem ter vários quilómetros de distância e aparecer em grupos ou isolados surgem “onde estão incrustados na crosta lunar antigos pedaços do campo magnético”, realça a NASA, esclarecendo que “as áreas claras das espirais parecem ser menos desgastadas do que as que as rodeiam”.
Estas indicações ajudam os investigadores a relevar a hipótese de estas tatuagens lunares serem provocadas pelo escudo magnético.
Novos estudos efectuados com modelos de computador reforçam esta ideia, concluindo que “o campo magnético pode criar um campo eléctrico forte quando o vento solar tenta passar” e que “é este potencial eléctrico forte com muitas centenas de volts que pode desviar e atrasar as partículas do vento solar”, o que “reduziria o desgaste do vento solar, deixando regiões mais claras sobre áreas protegidas”, descreve a NASA.
Os resultados destas novas observações foram publicadas em dois artigos distintos na publicação científica Icarus, no início do ano, assinados por Brett Denevi, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, com o título “A distribuição e extensão das espirais lunares“, e por Amanda Hendrix, do Instituto Planetário de Ciência, com o título “Espirais lunares: Características Ultravioletas-Distantes“.
“O problema da ideia do escudo magnético é que os campos magnéticos embebidos na Lua são muito fracos – cerca de 300 vezes mais fracos do que o campo magnético da Terra. É difícil ver como teriam a força para desviar os iões do vento solar”, realça Bill Farrell do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland.
A NASA vai assim, continuar a estudar o assunto, nomeadamente para perceber como é que o escudo magnético responde a forças diferentes e a direcções distintas do vento solar.
No entanto,”até haver alguém a fazer medições na superfície lunar, poderemos não ter uma resposta definitiva”, avisa John Keller.
SV, ZAP