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E se, afinal, o nosso universo for uma simulação?

Pablo Carlos Budassi / Wikimedia

Conceito artístico do aspecto de todo o Universo conhecido / observável numa única imagem radial logarítmica, por Pablo Carlos Budassi

O universo onde vivemos pode não passar de uma mera simulação. A ideia pode parecer puramente metafísica ou filosófica, mas há várias teorias científicas sobre a possibilidade de o universo ser um grande holograma cósmico e muitos cientistas a debater o assunto.

O tema esteve no centro de uma discussão pública no Museu de História Natural de Nova Iorque, nos EUA, esta semana, com os especialistas do painel a dividirem-se quanto às probabilidades de o universo poder ser uma mera simulação.

Para o cosmólogo Max Tegmark, do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), nos EUA, há 17% de hipóteses de o nosso universo poder ser de facto, simulado. Uma ideia que defendeu no debate contra a posição da física teórica Lisa Randall, da Universidade de Harvard, que é adepta de que o nosso mundo é real.

Nesta discussão participaram ainda o astrofísico Neil DeGrasse Tyson, do Panetário Hyden, o professor de filosofia David Chalmers, da Universidade de Nova Iorque, e os físicos teóricos Zohreh Davoudi, do MIT, e James Gates, da Universidade de Maryland.

A ideia de um universo holográfico foi proposta pela primeira vez nos anos 90 pelo físico Leonard Susskind. Desde então, vários outros físicos e astrofísicos têm-se dedicado ao assunto, com investigações teóricas e experimentais.

O princípio holográfico determina que, em termos matemáticos, o universo requer apenas duas dimensões e que só parece tridimensional porque actua como um gigante holograma. É o mesmo que dizer que tudo o que vemos é a imagem de dois processos dimensionais, sobrepostos num grande horizonte cósmico.

Isto significaria que “tudo o que vemos não é mais do que uma projecção holográfica de processos a terem lugar numa qualquer superfície distante que nos rodeia”, conforme explica o físico Brian Greene, da Universidade de Columbia, nos EUA, num artigo na edição de Junho de 2011 da revista Discover.

“Pode beliscar-se e o que sentir será real, mas reflecte um processo paralelo a ter lugar numa realidade diferente e distante”, escreve ainda Brian Greene.

Um grupo de cientistas do Laboratório de Física de Altas Energias Fermilab, no Illinois, nos EUA, chegou a levar a cabo investigações que visavam confirmar esta teoria do universo como um grande holograma. Eles recorreram a um dispositivo óptico denominado como interferómetro, com o intuito de detectar o que chamaram de “ruído holográfico”.

No entanto, após vários anos de investigação, não encontraram nada que comprovasse esta ideia.

Por outro lado, uma equipa de físicos da Universidade de Tecnologia de Viena, na Áustria, encontrou indícios de que o princípio holográfico pode mesmo ser verdade. Os resultados desta investigação foram divulgados, em Março de 2015, na Physical Review Letters.

Seja qual for a verdade, “não vamos obter provas de que estamos numa simulação, já que qualquer prova poderia ser simulada”, conforme evidenciou, filosoficamente, David Chalmers no debate no Museu de História Natural de Nova Iorque.

ZAP //

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