Uma equipa de investigadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, detectou indícios de cancro colo-rectal numa múmia húngara do século XVIII.
Este dado, fruto de uma investigação em torno de múmias desenterradas na Hungria, está a ser interpretado como decisivo, pois pode vir a dar pistas essenciais para perceber com mais detalhe as causas deste tipo de cancro que está entre os mais letais em vários países do mundo.
Na pesquisa publicada no PLoS ONE, refere-se que foi encontrada numa das amostras de tecido de uma múmia do século XVIII a predisposição genética para o cancro colo-rectal. Está em causa uma mutação no gene APC (Polipose Adenomatosa Coli) que se sabe potenciar os riscos de se sofrer deste tipo de cancro em quase 100%.
Se a mesma mutação genética for encontrada noutras múmias, isso significaria que factores hereditários relacionados com o ADN têm um papel mais relevante na evolução do cancro do que factores ditos modernos, como o sedentarismo, o consumo de tabaco ou a fast-food.
“Hoje em dia, o cancro colo-rectal é o terceiro tipo de cancro mais comum e tem um claro background genético que está bem estudado nas populações modernas. À luz das muitas mudanças ambientais e no estilo de vida que a sociedade humana viveu, durante os últimos séculos, achamos que é importante comparar o espectro das mutações históricas com o espectro moderno”, explica ao Live Science o investigador líder do estudo, Michal Feldman, que trabalhava na Universidade de Tel Aviv, aquando da pesquisa.
A investigação vai prosseguir com a análise a amostras de tecido de 20 múmias desenterradas de uma cripta selada numa Igreja Dominicana, em Vác.
Nesta cripta terão sido enterradas várias famílias de classe média e padres, desde 1731 até 1838, tendo os cadáveres mumificado graças à baixa temperatura do local, combinada com a ventilação constante e a baixa humidade.
ZAP