Segundo dados divulgados pelo Governo chinês na semana passada, há mais cerca de 15 milhões de jovens a morar sozinhos do que em 2018, perfazendo um total de 29 milhões.
Segundo um inquérito feito pelo jornal chinês Dazhong, houve um aumento no número de solteiros a optar pela “vida de ninho vazio”. Cerca de 41% dos inquiridos citaram como principal motivo “escolher ativamente ser solteiro e cansar-se de complicações românticas inúteis”. Outros 38% disseram que escolheram ser um “jovem do ninho vazio” porque “fugiam das responsabilidades de constituir família”.
Enquanto isso, 13% dos entrevistados disseram que foram forçados a viver sozinhos devido à “vida e às pressões económicas”, enquanto cerca de 7% disseram que eram “incapazes de encontrar o amor verdadeiro”.
Estes jovens chineses são chamados de jovens do “ninho vazio”, vivendo sozinhos e sem procurar relacionamentos românticos, casar ou ter filhos. Segundo o Insider, este assunto tornou-se viral na rede social chinesa Weibo, onde onde 2,9 milhões de pessoas leram e opinaram sobre o tema.
A tendência levou Hu Wei, membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), a sugerir no Congresso Nacional do Povo deste ano, a conferência política anual da China, que os departamentos políticos deveriam prestar mais atenção às “questões de casamento e amor dos jovens do ninho vazio”, fornecendo-lhes “serviços relacionados com a sua saúde física e mental.”
Outra preocupação que surgiu prendeu-se com a possibilidade de este fenómeno poder afetar a taxa de natalidade da China, de acordo com a People.
De acordo com o Global Times, segundo Hu, altos preços das casas e dos alugueres afastam os jovens solteiros de se relacionarem e se casarem, especialmente nas grandes cidades da China.
Assim, Hu propôs fornecer políticas preferenciais de hipotecas e subsídios de compra para jovens solteiros na compra de casas, bem como fornecer aluguer público de longo prazo para aqueles que não conseguem pagar para comprar casas.
O que pensam os jovens chineses?
O que pensam os jovens chineses sobre o fenómeno da “juventude do ninho vazio”? Há pontos de vista divergentes.
“Com tantas aplicações de namoro, não há razão para ser solteiro. Ou é muito baixo, muito feio ou completamente falido. Pense na sua família e na vergonha de ter um filho que não consegue encontrar um esposa”, escreveu HuTaoPuTao, um utilizador do Weibo de 28 anos que mora em Pequim.
Contudo, outros pensam que, quer tenha escolhido a vida do “ninho vazio” a vida do “ninho vazio” o tenha escolhido a si, deve-se deixar que as pessoas vivam como quiserem.
“Por que preciso do fardo de uma esposa e um filho quando estou feliz sozinho?“, interrogou YouyouZi, de 33 anos, que vive em Nanjing. “Não me sinto uma vergonha. Vivemos num novo mundo agora.”
“É o século XIX. Trabalho muito, jogo muito e tenho muito dinheiro”, escreveu WuXi, de Xangai. “Se quiser viver e morrer sozinha como uma mulher que sobrou com 20 gatos, não é da conta de ninguém”.
“Ser solteiro e viver sozinho não é um pecado mortal. Se fosse, 92 milhões de nós iremos para o inferno”, rematou Baobao, uma mulher de 29 anos que se declara “solteira para sempre”.