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900 despedimentos de “rajada”: agora foi a Sony a entrar no jogo

KniBaron/Flickr

Sony Interactive Entertainment, responsável pelos estúdios Playstation, vai despedir 900 trabalhadores

Sony Interactive Entertainment deu a má notícia esta terça-feira e os estúdios Playstation serão os mais afetados. As empresas de videojogos estão a despedir em massa. Mas porquê?

A Sony Interactive Entertainment, divisão de videojogos e entretenimento digital da Sony, anunciou esta terça-feira que vai despedir 900 trabalhadores em todo o mundo, o equivalente a cerca de 8% da sua força de trabalho.

Em nota assinada pelo presidente executivo da empresa, que deverá abandonar a liderança da empresa este ano, Jim Ryan disse que a Sony Interactive tem de corresponder às expectativas dos criadores e dos jogadores e “continuar a impulsionar a tecnologia futura nos videojogos”. “Demos um passo atrás para garantir que estamos preparados para continuar a proporcionar as melhores experiências de jogo à comunidade”, disse.

A nota conta com uma cópia do email enviado a todos os trabalhadores, na qual é também registado que serão impactados trabalhadores de todas as regiões e vários estúdios Playstation. Jim Ryan acrescentou que os estúdios Playstation em Londres vão encerrar, devendo ainda haver “reduções nos estúdios Firesprite” e de outras funções na Sony Interactive no Reino Unido.

A Sony Interactive Entertainment, responsável pela produção de alguns dos principais videojogos para as consolas Playstation, disse ainda que irá atribuir indemnizações aos trabalhadores afetados.

“São pessoas incrivelmente talentosas que fizeram parte do nosso sucesso e estamos muito gratos pelo seu contributo. No entanto, a indústria tem mudado imenso e precisamos de nos preparar para o futuro e a empresa para o que está para vir”, refere Ryan, na nota — e realmente, tem mudado imenso.

Empresas de videojogos estão a despedir em massa

2023 chegou a ser citado como um dos melhores anos para os jogos, com  lançamentos sonantes, mas ficou também para a história como o período com mais despedimentos de sempre da indústria, atingindo pelo menos um terço de toda a força de trabalho — um recorde que pode ser ultrapassado ainda no primeiro semestre de 2024, caso o fluxo negativo destes primeiros meses continue.

As demissões anunciadas esta terça-feira pela gigante de videojogos chegam um mês depois de a Microsoft, à frente da rival da Playstation, Xbox, ter dito que iria cortar cerca de 2000 trabalhadores após a compra da Activision Blizzard.

Também a Riot Games, detentora do videojogo multijogador “League Of Legends”, anunciou em janeiro que planeava despedir 11% dos seus funcionários. Estima-se que as empresas de videojogos tenham despedido cerca de 7.000 trabalhadores em 2023. E estes são apenas os maiores nomes.

Não há uma resposta exatamente fácil para entender o movimento incrivelmente negativo, com líderes e analistas do setor a apontar que os próximos anos devem ser mais complicados para o setor.

A pandemia, mais uma vez, é a principal suspeita. Jogos levam anos para sair do papel e chegar às consolas e computadores dos utilizadores, com o período de confinamento a levar a um aumento na procura de novos títulos. Na altura, um aumento da procura pareceu espetacular para os executivos da indústria.

A quantidade absurda de lançamentos em 2023, entre grandes franchises e títulos menores ou independentes, é um reflexo direto.

Estamos, entretanto, numa outra fase. O confinamento já ficou para trás e a procura por entretenimento doméstico já não é mais a mesma. As vendas de jogos na Europa, por exemplo, cresceram apenas 1,7% no ano passado, muito abaixo do que era esperado.

O susto provocado pela maior concorrência e menor adesão por parte dos jogadores é o primeiro e principal motivo para tantos despedimentos. É quase como uma cobra que come a própria cauda: muitos projetos aprovados entre 2020 e 2021 não apresentaram a qualidade esperada ou foram classificados como não rentáveis; ao mesmo tempo, a necessidade de saúde financeira passa por reduções nas equipas e, com isso, títulos em desenvolvimento acabam no lixo.

A onda de despedimentos gerou resultados bizarros. Informações (não oficiais) indicam que, após os despedimentos na Microsoft, a equipa de esports da Activision conta apenas com 12 membros.

ZAP // CanalTech

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